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E se tudo o vento levou

Bilhete Postal

Começo por garantir que não sei quem manda em quê, nem onde, nem quem tem o poder sobre as decisões e desconheço quem define as estratégias, e sobretudo ignoro os que decidem os caminhos, as linhas programáticas, e desconheço quem pode orientar um desígnio nacional. Se não sei nada disto o que faço aqui a escrever? Escrevo pelo gozo imenso que me dá expor pensamentos, definir intelectualmente conceitos e exteriorizar as emoções deste modo velado que tem o papel entre nós. Hoje estava taciturno e delirante sobre o mundo que são as decisões estratégicas e as apostas do governo. Vi milhares de tabuletas vermelhas e azuis e algumas amarelas e outras azuis e brancas, e observei atentamente como os prédios se carregavam destas bandeiras da selecção nacional de Vende, um país longínquo que está a ganhar o campeonato do mundo. Vende é o país do vento, o lugar dos terramotos e a desconcertação. Vende é a bandeira da nacionalidade e representa a queda de mais famílias na pobreza, o encontro com a desesperança e a travessia da fronteira da fé. Dali não se regressa nunca. Podemos voltar com novo emprego, com melhor futuro mas Vende entranha-se na alma e corrói a auto-estima. Vende é a bandeira do estado económico das famílias e dos bancos, é a bandeira do crédito mal parado, é a projecção nas ruas de uma vitrina de frutas murchas e de emigração forte. Vende chega aos prédios como uma praga e está a transformar as cidades e a exibir as opções de José Sócrates. A verdade é que as opções estratégicas não trouxeram desenvolvimento, a crise roubou emprego, as pessoas não estão mais felizes e agora vamos a caminho de uma crise sem precedentes.

Começa a ser melhor deixar ir os dedos menos úteis e ficar com os anéis. Estou desejoso de ver como se safaria José Sócrates sendo apenas professor, ganhando apenas o que eles ganham e se Aladino me permitir isso desejarei com toda a força nos próximos dias.

Por: Diogo Cabrita

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