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Câmara promete «boas condições» no antigo matadouro

Alguns comerciantes do Mercado Municipal da Guarda “torcem o nariz” à mudança provisória por causa da construção do Guarda Mall

A mudança provisória dos comerciantes do Mercado Municipal da Guarda para o antigo matadouro deverá ocorrer durante o próximo mês de Julho. Mas nem todos concordam com a alternativa encontrada pela autarquia, apesar do presidente da Câmara garantir que serão asseguradas «boas condições» enquanto o centro comercial Guarda Mall estiver em construção.

Na semana passada, à margem da reunião do executivo camarário, Joaquim Valente anunciou que a zona do ex-matadouro vai ser intervencionada e adaptada a esta nova funcionalidade a que se juntará também a central de camionagem. «É uma zona boa do ponto de vista comercial, pois há uma densidade populacional muito grande, não tem uma topografia difícil e tem a faculdade de possibilitar estacionamentos nas novas urbanizações que ali foram feitas», argumenta. Nesse sentido, o edil desvalorizou o facto da zona ser servida por arruamentos estreitos, acrescentando que o município avaliou «todas as situações e pareceu-nos que esta é a melhor para instalarmos provisoriamente o mercado e a central de camionagem». Em relação aos autocarros suburbanos, disse que podem parar «noutro lugar» da cidade e que está «tudo a ser devidamente estudado», pedindo a todos os afectados por estas mudanças «um pequeno esforço», pois trata-se de «situações provisórias».

As deslocalizações devem arrancar «em Julho», disse. Já o período que os comerciantes vão permanecer naquele espaço depende do tempo de construção do Guarda Mall, que, dada a sua «natureza e volume», nunca deverá estar pronto «em menos de ano e meio». O edil indicou ainda que os trabalhos do mercado municipal e da central de camionagem deverão ser os primeiros.

Negócio «vai ficar pior» com a mudança

Entre os comerciantes, há muitos que “torcem o nariz” à mudança provisória para o antigo matadouro. Patrocínia Cruz, proprietária de uma peixaria, reconhece que «é preciso mudar», mas não concorda com o sítio escolhido, porque fica «fora de mão, tem maus acessos e não há lugares para estacionar». E queixa-se: «O negócio já anda mal, mas ficará pior quando mudarmos», afirmou, exemplificando que vários clientes já lhe disseram que não estão dispostos a deslocarem-se para «tão longe». A mesma opinião é partilhada por Lúcia Lopes, dona de outra peixaria, até porque «a maioria das pessoas que cá vêm são idosos que se deslocam a pé», considerando ainda que o antigo matadouro está «velho» e é um espaço «muito pequeno». Também Júlia Sobral, que explora um restaurante, considera que «ir para o matadouro é o mesmo que matar o comércio do mercado municipal», por se tratar de um local «desviado» e que «não é viável».

Por outro lado, «não sabemos por quanto tempo é que vai ser, nem as condições que vamos encontrar», avisa, não acreditando no ano e meio que está previsto para obras na Quinta dos Pelames, porque «há sempre prolongamentos». Na sua opinião, a melhor opção seria fazerem «primeiro o novo mercado no local da central de camionagem e depois mudávamos para lá, tal como nos foi prometido inicialmente». Outras alternativas apontadas por vários comerciantes são os espaços comerciais Garden e S. Francisco, hipóteses que Joaquim Valente não exclui. «É uma questão de entendimento com o promotor e, se for uma boa solução, seguramente que se optará por descentralizar e não concentrar todos os comerciantes no mesmo espaço», admitiu. Opinião contrária à da maioria dos comerciantes do mercado municipal tem António Sá, proprietário de um talho. O empresário diz-se «satisfeito» com esta alternativa, pois não encontra um local «mais central» na cidade, além de que «toda a gente conhece o antigo matadouro, que está devidamente identificado».

De resto, considera que «para termos melhores condições e, amanhã, ocuparmos um espaço mais apelativo no novo centro comercial, temos que fazer alguns sacrifícios. Estou preparado para o negócio fraquejar, mas pior do que está é difícil, porque as pessoas não têm dinheiro». Catalogando o novo projecto de «muito bonito e funcional», o comerciante é de opinião que o parque de estacionamento devia ter mais um piso subterrâneo, uma vez que o apresentado tem «capacidade aproximada para apenas 70 lugares», lamenta.

Ricardo Cordeiro

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