-Que balanço é que faz no final deste ano lectivo?
-Foi um ano positivo, apesar de todas as dificuldades que surgiram.
Em primeiro lugar, foi difícil gerir o mal-estar criado no corpo docente pelas medidas legislativas do Ministério da Educação. Os professores evidentemente deram conta que isso não tinha a ver com as decisões do Conselho Executivo. Considero que se conseguiu, apesar disso, um bom trabalho. Os professores esforçaram-se por cumprir as suas obrigações mesmo com sacrifício de algum tempo de preparação de actividades, que foi desviado para tarefas a realizar na escola.
Em segundo lugar, o lançamento de novos cursos teve alguns efeitos positivos tanto no que respeita aos cursos profissionais como aos Cursos de Educação e Formação (CEF), embora tanto nuns como noutros haja também alunos menos integrados. A Escola, no futuro, deve deixar os CEF apenas para os alunos fora da escolaridade obrigatória; para os outros alunos com dificuldades, temos que prever os Percursos Curriculares Alternativos.
Também conseguimos a melhoria de algumas instalações escolares e desencadeámos os mecanismos para a avaliação dos professores, estando já em curso a preparação do lançamento do novo modelo de gestão para o novo ano lectivo. Foi assim um conjunto de tarefas bastante diversificado a que a escola teve de responder e acho que o trabalho foi relativamente conseguido.
-Quanto ao novo regime de gestão, como é que vai avançar?
-Para já temos de proceder à instalação do Conselho Geral transitório. Como era muito difícil, em termos de calendário, avançar com as eleições até ao fim deste ano lectivo e como tínhamos hipótese de fazê-lo até 30 de Setembro, vamos apenas lançar o processo em Setembro. Mas a eleição pode ser mesmo feita depois de 30 de Setembro.
-E agora em Junho-Julho, há algumas novidades nos exames?
-Este ano a novidade maior é a concentração dos exames num tempo muito curto, o que tem por exemplo implicações no términus das aulas. As aulas do 7º, 8º e 10º anos estava previsto acabarem a 20 de Junho e terão que acabar a 13 porque a semana seguinte está muito carregada de serviço de exames para os professores.
-Relativamente à rede escolar, será a mesma que a deste ano?
-Até ao momento (31 de Maio) ainda não sabemos qual a rede para 2008/09. A nossa intenção e da tutela é não deixar alargar muito a oferta educativa. Estávamos a pensar de modo geral manter os cursos que temos. No Secundário, manteríamos Ciências e Tecnologias e Línguas e Humanidades; mantemos as opções no 3º Ciclo; nos Cursos Profissionais queremos introduzir o de Técnico de Instalações Eléctricas e transformar o Curso Tecnológico de Desporto em Curso Profissional de Desporto, mantendo os outros dois profissionais (Técnico de Análise Laboratorial e Design de Equipamento). Quanto aos CEF estávamos a pensar alargar a oferta ao Curso de Jardineiro e voltar ao de Serralheiro, mantendo o de Empregado de Mesa. Este cursos têm saída para o mercado de trabalho. Quantos aos outros, vamos reflectir e estudar agora a empregabilidade dos nossos alunos.
-Quanto à dinâmica e vitalidade escolar, ela agrada-lhe?
-Nós nunca podemos estar satisfeitos com a dinâmica da escola e ela tem também a ver com o clima que se vive na escola. E nós temos que ser honestos: há neste momento uma parte da comunidade (os professores) que está “ferida” e, quando isso acontece, o todo ressente-se um pouco da parte. Mas os professores deram um bom exemplo de profissionalismo e conseguiram ultrapassar esse desânimo. Provavelmente, se o ambiente fosse outro, haveria outra dinâmica. Quanto à escola, queremos criar as condições materiais para que os professores se sintam bem e possam trabalhar bem na escola.
-Quanto ao Regulamento Interno e Projecto Educativo, são documentos em grande transformação neste momento…
-Quanto ao Projecto Educativo (PE), a proposta de PE do Conselho Executivo está neste momento em fase de discussão na escola para melhoria do documento. O esboço que foi divulgado é apenas indicativo e vai ser aperfeiçoado. Estamos também pendentes dos resultados da avaliação interna e externa de 2007/08, resultados que condicionarão a nossa análise evidentemente. Depois nascerá o novo Projecto Curricular de Escola e a seguir aparecerá o Plano Anual de Actividades da Escola, estando ainda em fase de reformulação o Regulamento Interno. Uma parte deste poderá ser aprovada brevemente para entrar em vigor já em Setembro e outra será aperfeiçoada pelo Conselho Geral transitório a partir do momento em que este tomar posse.
-Estas modificações têm a ver com a avaliação dos professores, com o novo regime de gestão, com a requalificação da escola?
-Sim e ainda com o Estatuto do Aluno. Há muita produção legislativa que obriga a adaptações do Regulamento Interno, inclusive o Estatuto da Carreira Docente.
-Ao nível da requalificação da escola em 2009/10, já se pode fazer a síntese das diversas contribuições dos departamentos sobre esta requalificação?
-Já tenho o retorno dos Departamentos Curriculares. Neste ponto, nós temos de jogar com um pouquinho de bom senso. Se fôssemos levar à letra as propostas dos diversos departamentos, teríamos que construir outra escola igual a esta. Quanto ao plano estratégico que foi necessário entregar à Parque Escolar com muitas recolhas de dados sobre a escola, foi feito um conjunto de pedidos necessários para responder à oferta educativa actual e a previsível a médio prazo. Por outro lado, ficou clara a ideia de que a escola deveria ser auto-suficiente em instalações desportivas e de que seria de toda a conveniência a instalação na escola de um centro experimental nas áreas da Física, da Química e da Biologia, que permitisse desenvolver um projecto abrangente com todos os níveis de ensino e em que a escola fosse um pólo dinamizador de “ciência viva” no concelho. Por outro lado frisámos também que nós não temos condições de lançar certos cursos profissionais sem ter instalações e equipamentos condignos na área das oficinas, sendo pois estas instalações de reformulação urgente.
A escola assume-se como uma escola para o prosseguimento de estudos mas temos consciência que o nosso público é cada vez mais diferenciado e temos de adequar a actuação em função da procura. Por outro lado, temos de atender ao facto de a orientação política do governo apontar para uma divisão equitativa do Ensino Secundário entre os alunos para prosseguimento de estudos e para ingresso no mundo do trabalho.
-O nível de alunos em abandono ou absentismo elevado é preocupante?
-O problema é actual e a professora da escola com a função de sinalizar estes casos para a Comissão de Protecção de Crianças e Jovens em Risco (CPCJ) tem dado mais visibilidade a estes casos. Mas sinceramente não sei como é que poderemos resolvê-los. A própria autoridade não tem meio para obrigar os jovens a vir à escola. Em muitos casos os pais não têm controle da situação ou não prestam colaboração à escola. A CPCJ e o tribunal não têm meios suficientes. Há cursos em que os alunos por exemplo nunca levantaram a senha para comer na cantina. Quando na cabeça de alguns alunos a escola se transforma em prisão ou quando os alunos não chegam a entrar na escola, não se pode fazer muito. De qualquer modo o trabalho da Escola Segura tem sido louvável e eles conhecem bem esses casos.