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Empresários luso-espanhóis reclamam incentivos

AIP e CEOE ponderam fazer a gestão partilhada de áreas de localização empresarial

A Associação Industrial Portuguesa (AIP) e a Confederação Espanhola de Organizações Empresariais (CEOE) formalizaram, na última sexta-feira, na Guarda, a criação do Observatório Empresarial Luso-Espanhol, com o objectivo de monitorizar os principais indicadores económicos das regiões transfronteiriças dos dois países.

«Não se trata de um grupo de pressão, estamos apenas a tentar encontrar um conjunto de soluções empresariais para ajudar os poderes políticos a melhorar a competitividade e o desenvolvimento destas zonas», esclareceu Rocha de Matos, presidente da AIP. O acordo foi assinado durante um encontro empresarial, realizado no Nerga – Associação Empresarial da Região da Guarda, do qual resultou um documento estratégico que reclama, entre outras medidas, «uma discriminação positiva» para as PME do interior. Os empresários pedem incentivos financeiros e, sobretudo, fiscais, pois «as pequenas e médias empresas constituem a coluna vertebral da actividade económica e do emprego nas regiões transfronteiriças», destacou o dirigente. Por sua vez, o presidente da CEOE defendeu a harmonização fiscal entre os dois países como um dos factores determinantes à melhoria da competitividade das empresas ibéricas.

«Os Governos também desejam chegar a essa situação idílica, mas é quase impossível alcançar essa utopia», confessou, contudo Gerardo Diaz Férran. Em cima da mesa esteve também o facto de, no actual quadro comunitário, em vigor até 2013, as candidaturas aos programas transfronteiriços não referirem as associações empresariais enquanto entidades promotoras de projectos de desenvolvimento regional e empresarial, «ao contrário da prática seguida nos anteriores», lamentou a AIP. Aos jornalistas, Rocha de Matos disse que os Governos não podem ser os únicos responsáveis pela desertificação das zonas transfronteiriças. Na sua opinião, haverá «um misto de várias omissões, de natureza governamental, empresarial, entre outras». De resto, adiantou que neste encontro falou-se na possibilidade de gestão partilhada (AIP/CEOE) de áreas de localização empresarial, que, em colaboração com universidades e politécnicos, podem criar «bolhas de desenvolvimento que podem alastrar».

«Estamos conscientes que a contribuição para o PIB é cada vez mais pequena à medida que caminhamos para a fronteira. Mas, em conjunto, vamos tentar harmonizar estas regiões para que possam ter um contributo cada vez mais activo no desenvolvimento da Península Ibérica», acrescentou. Actualmente, a fronteira continua a ser um espaço periférico em termos produtivos, visto que a sua quota de produção (7,3 por cento) é claramente inferior às suas quotas demográficas (9,9 por cento) e de emprego (9,6 por cento), configurando-se como «um espaço de desenvolvimento económico limitado, situado na periferia produtiva ibérica, com insuficiente capacidade de geração/atracção de novas iniciativas de produção», lê-se num dos documentos de suporte do encontro.

Luis Martins

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