A crise está para durar e é para todos. Que o digam os promotores do Guarda Mall, o centro comercial anunciado para a zona da central de camionagem e mercado municipal. É que os atrasos processuais e administrativos “atiraram” o projecto para um período negro em termos de financiamento bancário. A falta de confiança dos investidores, associada aos receios de uma previsível recessão económica, pode fazer moça no empreendimento.
Recentemente, o presidente do grupo FDO admitiu as dificuldades de comercialização do Vivaci Guarda, por a cidade ser pequena e os lojistas demorarem mais a decidir se investem ou não. Tudo por causa da «forte concorrência dos projectos existentes em cidades como a Covilhã e Viseu», disse Manuel Ferreira Dias. Mas por cá a concorrência também é forte, com projectos como o Guarda Power Center – cujo licenciamento comercial terá tido, ontem, em reunião de Câmara, parecer favorável da autarquia – e as médias superfícies projectadas para a Avenida de São Miguel, na Guarda-Gare. Todos estes investimentos estão muito atrasados em relação ao Vivaci, que deverá abrir portas no Outono. Um cenário que, para os potenciais investidores, não é nada favorável ao Guarda Mall, o último desta lista de espaços comerciais.
De resto, O INTERIOR apurou que o atraso no arranque deste projecto pode vir a sair caro à autarquia. Em causa pode estar mesmo a viabilidade do empreendimento – que inclui a requalificação do mercado municipal e da central de camionagem, além de uma forte componente imobiliária, outra área em crise. A factura também pode sair cara à TCN Portugal, apesar de partilhar agora o risco com um grupo de investidores irlandeses, liderados pela Ocean Capital Investors. Dessa associação nasceu a IBRD, Iberian Retail Development Company, uma SGPS cuja principal vocação é o desenvolvimento de projectos de “retail” por todo o país. Nos próximos cinco anos, a IBRD tenciona investir 1,5 mil milhões de euros em Portugal, sendo que cerca de 150 milhões de euros, 10 por cento do total, serão financiados com capitais próprios, noticiou recentemente um semanário económico. À cabeça destes projectos está o Guarda Mall, que era suposto avançar em 2007.
Neste momento, também não há garantias de que possa arrancar em 2008, pois o empreendimento continua sem ter licenciamento comercial aprovado, possuindo apenas autorização de localização. Entretanto, o “Jornal de Negócios” revelou na passada quinta-feira que a TCN, no âmbito do IBRD, abandonou o seu maior projecto, o centro comercial Palácio Nazari, em Granada (Espanha), que previa um investimento de 185 milhões de euros. São más notícias, numa altura em que a autarquia deve ter deliberado, ontem, a abertura da fase de discussão pública do Plano de Pormenor da Quinta dos Pelames. A zona está agora dividida em três lotes, com artigos matriciais independentes, que correspondem às áreas públicas e privadas. Isto é, destacou-se o espaço onde será construído o centro comercial das zonas para a central de camionagem e mercado municipal e de habitação. Com um investimento previsto de 30 milhões de euros, este centro comercial incluirá o futuro mercado municipal e a central de camionagem, além de um hipermercado, quatro salas de cinema, área de restauração e cerca de 100 lojas. Estima-se que sejam criados cerca de mil postos de trabalho directos e cerca de 700 indirectos. O complexo terá uma área de construção de 42.500 metros quadrados.
Luis Martins