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«O interior é um grande problema»

Um “Congresso da Interioridade” um tanto ou quanto ensombrado e pouco concorrido

Mesmo sem Luís Filipe Menezes, e apesar da crise instalada no partido, Álvaro Amaro fez um «balanço positivo» do “Congresso da Interioridade”, que decorreu no último fim-de-semana, no auditório dos Serviços Centrais do Instituto Politécnico da Guarda, por iniciativa da distrital social-democrata.

O evento tinha sido apresentado com alguma pompa e circunstância, mas a demissão do líder do PSD, dois dias antes, acabou por retirar algum protagonismo ao congresso. Luís Filipe Menezes não veio à Guarda e não foi o único ausente, pois Daniel Bessa participou via declaração gravada. A juntar a estas duas ausências, a fraca adesão de militantes e da sociedade civil fez o resto, mau grado as intervenções de Miguel Cadilhe e Arlindo Cunha. Ainda assim, poucas foram as soluções apresentadas para combater “a interioridade” ou, pelo menos, pouco inovadoras. «Sempre me dividi entre o mar e o interior, região que me diz muito», frisou Miguel Cadilhe, logo no início da sua intervenção sobre “Interioridade, questão política”. Para o antigo ministro das Finanças, as causas da interioridade «são, sobretudo, de ordem política». O ex-ministro das Finanças frisou, ainda, que a regionalização, «se for bem feita e sujeita a um apertado enquadramento financeiro poderá revelar-se o melhor caminho», notando que o centralismo aumentou mais em democracia do que no período do Estado Novo.

À tarde, a “cassete” de Daniel Bessa falou de Portugal como «um país de risco ao meio», não sem antes considerar que «o interior é um grande problema». Polémico, o ex-ministro da Economia disse ainda ter dúvidas sobre aquilo que chama «a quimera de atrair grandes investimentos para o interior». Na sua opinião, a solução deveria antes passar «por um turismo de natureza, de pequena escala, até porque a Serra da Estrela é uma grande marca portuguesa», sublinhou. Por sua vez, Arlindo Cunha apontou «a falta de mobilidade no interior do interior» e reconheceu que a aposta num turismo «que favorecesse um eixo entre a Serra da Estrela e o Vale do Douro» poderia constituir uma mais-valia. O antigo ministro da Agricultura também defendeu a regionalização, a «única forma de corrigir o problema das assimetrias», considerou.

«O país exige que o PSD tenha juízo»

Na sessão de encerramento, o protagonista foi Álvaro Amaro, que aproveitou para lançar dois desafios ao Governo. Pediu desde logo «medidas corajosas» para inverter o esvaziamento do interior. «Já foram experimentadas soluções pelos vários Governos e o fosso entre as zonas mais ricas e mais pobres continua a aumentar. Já é tempo de acabarmos com as mezinhas», desafiou. Por isso, o líder da distrital do PSD pediu uma taxa de zero por cento de IRC para as empresas que se instalem na região e a redefinição da rede do ensino superior, cujos cursos deveriam ser «descentralizados». No final, pouco disse aos jornalistas sobre a situação interna do partido. «O PSD é um grande partido da democracia portuguesa que o país não dispensa e a quem o país exige que tenha juízo», sintetizou. Sobre Luís Filipe Menezes, apenas que gostava de o ter recebido na Guarda. «Mas percebo a circunstância», afirmou.

Rosa Ramos

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