A Covilhã vai passar a fabricar aviões. O investimento luso-francês na “cidade-neve” resulta de um acordo entre a Universidade da Beira Interior, a Câmara Municipal e a Industrial Aeronáutica de Portugal (ALEIA).
A empresa, que tem como accionistas as indústrias francesas Dyn’Aéro e Equip’Aéro, para além das firmas portuguesas Spinworks (aeroespacial) e Plasdan (área dos moldes, sediada na Marinha Grande) vai instalar-se junto ao aeródromo da Covilhã, em terrenos negociados com a autarquia, para criar uma linha de montagem de aeronaves de dois e quatro lugares.
A fábrica vai produzir peças para aviões de um construtor francês ligado ao projecto e, em simultâneo, vai desenvolver uma gama própria de aviões certificados, baseada num motor desenvolvido desde 2002 pela firma francesa Price-Induction. O motor que vai equipar esta gama de aeronaves venceu o prémio de inovação atribuído pela Association des Ingenieurs Aéronautiques Français (AAAF) em 2007.
Os responsáveis pela ALEIA vão assinar o contrato de investimento com a autarquia no próximo dia 14 e pretendem iniciar as obras da fábrica de imediato, sendo que as primeiras aeronaves “made in Covilhã” deverão surgir no Verão de 2009. Prevê-se que a partir de 2014 sejam colocadas no mercado 250 unidades por ano, de três modelos diferentes. De resto, a ALEIA quer colocar a voar no primeiro semestre de 2010 os primeiros dois protótipos de aviões integralmente concebidos e fabricados na Covilhã em colaboração com a UBI, onde, aliás, existe a licenciatura em Engenharia Aeronáutica.
Os responsáveis pelo projecto estimam que possam ser criados pelo menos 100 postos de trabalho qualificados para engenheiros e técnicos especializados.
Segundo uma nota enviada às redacções, o presidente da ALEIA, Jean Quiquempoix, já assinou com a Universidade da Covilhã um protocolo que vai garantir «o desenvolvimento futuro do projecto de forma sustentada, contando com a participação da UBI nestes projectos associados à tecnologia e com a colaboração intelectual e humana de outros centros de pesquisa existentes em Portugal». Os estudos para a criação e concepção do modelo organizacional e das diferentes alternativas de localização foram realizados pela Criação de Empresas de Base Tecnológica (CEBATE). De resto, a Covilhã terá «o papel preponderante de acolher os seus clientes finais aquando da entrega das aeronaves», segundo se pode ler no mesmo documento. «Este era o “clic” que esperávamos há anos para que a cidade e a região pudesse descolar, de uma vez por todas, para novos voos em termos de crescimento económico e social», disse Carlos Pinto ao jornal “Expresso”. «Finalmente conseguimos e estão criadas as condições para aqui nascer um pequeno “cluster” aeronáutico, em associação com o Parque Tecnológico da Covilhã [Parkurbis], onde já estão instaladas 30 empresas inovadoras», sublinhou o autarca.
Rosa Ramos