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Van der Graff Generator no Gouveia Art Rock

Único festival português de música progressiva decorre este fim-de-semana no Teatro-Cine

Os Van der Graff Generator, grupo marcante da história do rock sinfónico dos anos 70, são os cabeças de cartaz da sexta edição do Festival Gouveia Art Rock, que decorre este fim-de-semana no Teatro-Cine da “cidade-jardim”. A banda britânica, que voltou a juntar-se em 2005, actua no domingo com três músicos fundadores, Peter Hammill (que participou na edição de 2006), Hugh Banton e Guy Evans.

O único festival português de música progressiva decorre este fim-de-semana, numa organização da Câmara local. No sábado, a abertura do evento cabe aos portugueses Beduínos do Gasóleo. A banda, que já esteve para actuar, há dois anos, em Gouveia, surgiu em 1997 com influências dos Gentle Giant e vai actuar acompanhada do cantor Janita Salomé. Pär Lindh é o senhor que se segue. Considerado o Keith Emerson do actual panorama do progressivo, tem centrado a sua carreira de teclista na citação e recriação de compositores dos últimos três séculos. Ao final da tarde sobem ao palco os Aranis (Bélgica), banda proeminente da nova geração de grupos progressivos belgas. Fundados em 2004 e já com três discos gravados, os Aranis interpretam peças neoclássicas, num ensemble que reúne flauta, contrabaixo, acordeão, piano, violino e guitarra.

Para a noite estão agendados os concertos de mais dois destaques desta edição, Mike Keneally (EUA) e os Ange (França). O primeiro chegou a colaborar com Frank Zappa e é, actualmente, um multi-instrumentista e compositor talentoso, além de possuir um humor subtil e corrosivo que faz questão de partilhar com o público. Já os franceses são considerados o projecto mais abrangente do progressivo gaulês. A organização refere que os Ange têm-se sucessivamente renovado com «talentosos instrumentistas ao longo da sua dilatada carreira, de modo a manter intacta a elevada qualidade da música de pendor sinfónico que criam e dos intensos espectáculos que produzem, todos eles centrados no seu carismático vocalista e principal compositor Christian Décamps». No domingo, a segunda jornada do Gouveia Art Rock começa com os suíços Les Reines Prochaines.

Fundada há 20 anos em Basileia, esta banda apresenta um espectáculo «em tom provocatório de cabaré vanguardista», com influências «da valsa ao punk, do “lied” romântico ao tango, passando pelo rock e pelo jazz». A caminho do “happening” Van der Graff Generator ainda há tempo para ouvir os Thinking Plague. Formado em 1983, em Denver (EUA), o grupo filia-se na estética vanguardista do movimento Rock-in-Opposition, com música de «grande riqueza rítmica e tímbrica», quase toda composta pelo guitarrista Mike Johnson. Depois, as atenções viram-se para a Igreja de S. Pedro, onde o público em geral é convidado a ouvir os Aranis, que interpretam sobretudo obras dos clássicos, de Bach a Bartók. O último concerto do festival promete fazer história. É que os Van der Graaf Generator são considerados unanimemente um dos pilares do progressivo mundial. Passadas quatro décadas sobre a sua fundação, a crítica continua a reconhecer-lhes «imensa frescura» e as características que os distinguiram inicialmente: «Originalidade, intensidade interpretativa, poesia de elevada qualidade e música bem estruturada». Durante o festival está patente uma feira do disco e uma exposição temática.

Luis Martins

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