A investigação sumária da Força Aérea ao exercício de 16 caças F-16 sobre a região de Penamacor, na noite da passada quarta-feira, concluiu que a aeronave envolvida nunca desceu abaixo do limite de segurança, que é de cinco mil pés. No entanto, o ruído intenso gerado pelos aviões assustou as populações daquela zona, mas também das imediações da Guarda.
Citado pelo “Expresso”, o porta-voz do ramo, tenente-coronel António Seabra, adiantou que o piloto, no decurso de uma manobra complexa de simulação de largada de armamento a média altitude, atingiu «inadvertidamente e por um espaço de tempo muito curto» a velocidade transónica, ao efectuar uma picada dos 12 para oito mil pés. Esta velocidade situa-se entre 0,8 e 1.2 Mach, sendo que Mach 1 corresponde à velocidade do som (340 metros por segundo). Segundo aquele responsável, foi este facto que causou a propagação de ondas sonoras com efeito repetitivo, semelhante ao som de várias explosões em sequência, e que assustou a população. A Força Aérea também já dispõe do relatório preliminar sobre os danos causados, que consistem na «eventual morte de dois coelhos em Benquerença, uma localidade dois quilómetros a Norte», mas sem ter sido podido estabelecer o nexo causal, bem como «uma fenda numa residência isolada com eventual quebra de um vidro».
De resto, um levantamento efectuado pela autarquia refere apenas a existência de «vidros partidos e fendas numa parede de uma casa rural». De acordo com o porta-voz, a Força Aérea «assumirá a responsabilidade que tiver de assumir». O tenente-coronel esclareceu ainda que a região de Penamacor é um sítio habitual de exercícios do ramo e que, tirando as notificações à aviação e de reserva de espaço aéreo, «normalmente, não há lugar a comunicações à população». No entanto, Domingos Torrão criticou a Força Aérea por não ter avisado a autarquia e as populações sobre os exercícios militares. «Suspeitamos que os aviões tenham ultrapassado a velocidade do som e isso tenha provocado as tais explosões», acrescentou, lamentando que tal tenha acontecido «numa área protegida e sensível, como é a Reserva Natural da Serra da Malcata». Já o presidente da Junta de Freguesia de Meimoa, Joaquim Cabanas, considerou que os exercícios da Força Aérea, sem qualquer aviso, foram «uma brincadeira de mau gosto». «As pessoas estavam em pânico. Umas falavam em bombas, outras de um tremor de terra, como o de 1969», cujos estragos os residentes mais velhos ainda recordam.