A generalidade dos restaurantes da Guarda que optaram pela proibição de fumar não perderam clientes desde que a nova lei do tabaco entrou em vigor. Alguns empresários contactados por O INTERIOR garantem não haver decréscimo da facturação e que os consumidores aderiram bem à nova realidade.
No Belo Horizonte, a clientela tem-se «mantido, não notámos nenhum decréscimo», garante o proprietário. «Não há volta a dar. As pessoas têm que se mentalizar que não podem fumar», refere José Castanheira, sublinhando que «até ao momento, ninguém se queixou de ter que ir lá fora». Curiosamente, neste restaurante localizado na zona histórica os primeiros dias do ano até trouxeram «mais gente do que o costume». A única alteração já verificada, segundo aquele responsável, é que agora os clientes fumadores «já não fazem “sala”, comem e pedem a conta». Contudo, o que, à primeira vista, poderia ser um factor negativo, pois quem fica sempre vai consumindo uma ou outra bebida branca, até acaba por ser uma vantagem de acordo com o gerente, uma vez que tem fechado mais cedo e o «pessoal também precisa de descansar», afirma. O dístico de “não fumadores” também está afixado na Churrasqueira Típica. Emília Pereira, a proprietária, afiança que «não tem tido menos clientela» e que as pessoas «até estão a aderir muito bem» à nova lei do tabaco, da qual «é a favor». Mesmo na parte do bar «não houve decréscimo» de clientela.
Cenário idêntico verifica-se no restaurante Carvalho e Filhos. «Os clientes têm respeitado a proibição de fumar», confirma Manuel Azevedo Carvalho, revelando que, no seu caso, essa interdição já era aplicada na área da restauração. Para o proprietário, que está diariamente atrás do balcão, esta é uma «boa medida, principalmente para a restauração» e também porque ele próprio deixa de «levar com o fumo dos outros em cima». Já no restaurante snack-bar “Novo Encontro”, tudo mudou “do dia para a noite”. É que na parte das refeições, sobretudo nos almoços, «não se nota uma grande diferença em relação ao que era habitual», assegura o responsável. O pior acontece à noite, quando o serviço de bar é mais forte: «Morre muito. Há dias em que não há quase ninguém», lamenta Rui Costa, que, apesar disso, não equaciona, por enquanto, alterar o seu estabelecimento para fumadores. «Pelo menos até haver uma definição dos sistemas de extracção de ar exigidos. Mas o ideal era podermos ter um sistema de não fumar ao almoço e que se pudesse fumar à noite», sugere.
Aliás, já começa a haver mudanças entre alguns estabelecimentos que tinham optado por proibir o fumo. Foi o que aconteceu na pastelaria “Flor da Guarda”, na Guarda-Gare, onde fumar esteve interdito durante cerca de 10 dias. No entanto, como «não fumadores há poucos e fumadores há muitos, houve uma quebra mesmo muito grande, na ordem dos 40 por cento», confirma o proprietário. E para evitar males maiores, Marco Bicho não teve outra alternativa que tornar o estabelecimento aberto a fumadores.
Ricardo Cordeiro