A reactivação da linha férrea entre o Pocinho e Barca d’Alva pode estar para breve. Os municípios da Linha do Douro querem revitalizar aquele troço e a estação fronteiriça de Barca d’Alva. Com esse objectivo foi formada a Comissão de Revitalização da Linha do Douro, que junta 28 autarquias da região.
A Comissão considera a linha «um factor de desenvolvimento fundamental para todo o Vale do Douro». Nesse sentido, pretende que seja reactivado o troço de 28 quilómetros que liga o Pocinho (Vila Nova de Foz Côa) a Barca d’Alva (Figueira de Castelo Rodrigo), cuja estação está encerrada desde 1987, e a ligação a Salamanca e Valladolid. «O declínio da linha deveu-se à falta de investimento na sua remodelação e melhoria, o que trouxe isolamento, atrofia e empobrecimento de toda a região duriense, do mar à fronteira», alega o organismo. Foi o empenho do Governo espanhol em reabrir a via para fins turísticos do outro lado da fronteira até à estação de Barca d’Alva que motivou estes 28 municípios a reclamar a «urgente e necessária» reabertura do troço português. Nesse sentido, a Comissão de Revitalização da Linha do Douro fez chegar as suas reivindicações à Assembleia da República, que entretanto fez uma recomendação ao Governo para que promova a requalificação desta ferrovia.
Este grupo de municípios prevê ainda uma série de acções para chamar a atenção do público e das entidades governamentais para os problemas que a Linha do Douro enfrenta actualmente, entre as quais a criação de um site e a realização de uma convenção a 9 de Dezembro, em Barca d’Alva, data do encerramento da linha.
Revitalização custa entre 11 a 15 milhões
Entretanto, um estudo desenvolvido pelo especialista em Economia dos Transportes Manuel Tão refere que o troço ficaria em condições de circulação com uma «intervenção básica», orçada entre 11 e 15 milhões de euros. Recorde-se que a via entre o Pocinho e Barca d’ Alva tinha continuação para Espanha até Boadilla. No entanto, depois das autoridades espanholas terem encerrado esta ligação em 1985, o Governo português seguiu o mesmo exemplo, fechando o troço da linha do Douro no Pocinho. Integram a Comissão de Revitalização da Linha do Douro autarquias dos distritos do Porto, Vila Real, Bragança, Aveiro, Viseu e Guarda, que, em conjunto, dinamizam um sítio na Internet e têm previstas várias acções em defesa da reabertura do troço. São elas Alijó, Amarante, Armamar, Baião, Carrazeda de Ansiães, Castelo de Paiva, Cinfães, Figueira de Castelo Rodrigo, Gondomar, Lamego, Lousada, Maia, Marco de Canaveses, Mesão Frio, Paredes, Penafiel, Peso da Régua, Porto, Resende, S. João da Pesqueira, Sabrosa, Santa Marta de Penaguião, Tabuaço, Torre de Moncorvo, Valongo, Vila Nova de Foz Côa e Vila Nova de Gaia.
Governo disponível para apoiar reabertura
O Governo mostrou-se disponível para apoiar a reabertura da ferrovia entre o Pocinho e Barca d’ Alva para fins turísticos. Em declarações à agência Lusa, na passada segunda-feira, o ministro das Obras Públicas, Mário Lino, afirmou que se as autarquias assumirem «a exploração dessa linha, nós estamos disponíveis para apoiar». A declaração surgiu após a Comissão de Revitalização da Linha do Douro ter anunciado a realização de uma convenção, a 9 de Dezembro, em Barca d’ Alva, para alertar o Governo para os problemas que da infraestrutura e defender a sua reabertura. Mário Lino admitiu ainda que existem linhas que, apesar de desactivadas, podem ter potencial turístico, garantindo que o Governo está «disponível a colaborar se houver essa valência». Quanto às verbas a conceder, o governante pretende «ver primeiro o projecto».
Tânia Santos