O dia era de festa e o povo saiu à rua, apesar do frio, para invadir o Parque Urbano do Rio Diz, a última obra Polis inaugurada na terça-feira, por ocasião dos 808 anos da Guarda. Centenas de curiosos e muitas crianças fizeram questão experimentar a novidade, mesmo até ao pôr-do-sol.
A “invasão” não passou despercebida ao ministro do Ambiente. Agradado com o resultado final, Nunes Correia recorreu ao “slogan” da intervenção para desafiar os munícipes a «viver a Guarda» que o Polis deixou. «O programa tornou a cidade mais formosa e rejuvenescida, contribuindo para a melhoria da qualidade de vida dos guardenses», disse, augurando um futuro «que nem D. Sancho sonhou há 808 anos». Mais pragmático, Joaquim Valente escolheu a sessão solene para falar da sua visão da cidade do futuro e, de passagem, acertar contas. Depois de considerar que o Parque Urbano é um «motivo de orgulho» para a Guarda, o presidente sublinhou que a requalificação urbana está «longe de estar concluída» numa cidade que tem registado «as mais altas taxas de crescimento populacional do interior». E esta malha tem tendência a aumentar, pelo que «é urgente consolidar a cidade construída nas últimas décadas», ligando os bairros entre si e criando acessos rápidos ao centro e às auto-estradas.
«É necessário alargar o anel viário da cintura externa para além dos actuais limites da Guarda, para servir a PLIE e a Área de Localização Empresarial, com ligação directa à A23 e à A25», projectou, defendendo depois a conclusão da VICEG com perfil de auto-estrada para o IPG e a Sequeira. Neste plano, Joaquim Valente considera urgente «rasgar» a Alameda da Ti’Jaquina, entre a VICEG, na rotunda das piscinas municipais, e o antigo matadouro. Para o centro histórico, o presidente conta com os centros comerciais, mas também com o TMG e o futuro hospital. «São estas as três vertentes para a reorganização e a coesão do espaço urbano», disse, pedindo o apoio do Ministério do Ambiente e das Cidades no âmbito dos novos modelos de apoio à requalificação. «Mas não basta ter o desenho da cidade do futuro, é necessário dar-lhe consistência, vocação e sustentabilidade», através da saúde, do investimento industrial, da cultura, do turismo e do património.
O acertar de contas veio depois, quando falou do IPG. «Da parte da autarquia não há outros passos a dar que não sejam todos os necessários para prosseguir um caminho que conduza à afirmação, ao prestígio e à boa imagem do ensino superior na Guarda», começou por dizer, para complementar: «É um desígnio comum, assente no respeito institucional mútuo que deve existir sempre, independentemente de opções de cidadania assumidas em momentos decisivos. Opções que, como é próprio da Democracia, se esgotam no momento da escolha legítima dos dirigentes». Ponto final, parágrafo. A página seguinte serviu para anunciar dias melhores nas contas municipais, pois, em 2007, «teremos consolidado o equilíbrio» e, em 2008, «esperamos ter folga financeira para honrar os nossos compromissos – principalmente perante as Juntas de Freguesia». Para o fim ficou a confiança na sua equipa. «Não governamos em função de rumores, tendências ou especulações. Sabemos ouvir e pedimos opiniões, quando necessário. Mas fomos eleitos para tomar decisões», disse para bom entendedor.
Medalhas de ouro para hospitais
A sociedade PolisGuarda gastou oito milhões de euros no Parque Urbano do Rio Diz, onde semeou 50 mil plantas e 1.700 árvores autóctones. A empreitada teve início em Julho de 2004. Ao todo foram requalificados 18 hectares nas margens do rio Diz, na Guarda-Gare, juntando-se ao famoso iglódromo uma ludoteca, com biblioteca e ateliers, um bar e o parque infantil dedicado à exploração espacial. Outra zona que fica na retina é o grande espelho de água que vai até à esplanada do semi-coberto. Há ainda zonas verdes, percursos pedestres e espaços para animação ou actividades desportivas informais. Durante a sessão solene foram atribuídas duas medalhas de ouro da cidade aos hospitais Sousa Martins e da Santa Casa da Misericórdia, cujo centenário se comemorou este ano.
Luis Martins