Na semana em que foi entregue pela Academia Sueca o Prémio Nobel da Paz ao ex-vice presidente norte-americano Al Gore e à Painel intergovernamental, sobre Mudanças Climáticas da Organização das Nações Unidas, recordo um pouco em que ponto se situa o debate científico na comunidade internacional.
O termo aquecimento global surge, neste debate, de uma forma sistemática, procurando descrever um fenómeno climático de larga extensão, como é o aumento da temperatura média superficial global e que tem vindo a acontecer gradualmente ao longo dos últimos 150 anos. Trata-se de uma acepção específica do termo mais abrangente, mudança climática, que engloba outros conceitos. Usualmente, o termo refere-se ao aquecimento recente a que se assiste no planeta e, subentende-se nele uma influência humana determinante.
Ao longo do último século têm existido e presenciámos várias evidências deste aquecimento. A principal evidência do mesmo deve-se às medidas de temperatura das estações meteorológicas em todo o globo desde 1860. Os dados mostram que o aumento médio da temperatura foi em média de 0.6 Celsius durante o século XX. Os maiores aumentos foram constatados em dois períodos: de 1910 a 1945 e de 1976 a 2000. Quanto às evidências secundárias, estas acabam por ser obtidas através da observação das variações da cobertura de neve nas montanhas e de áreas geladas, do aumento do nível global dos mares e das precipitações, da cobertura de nuvens, do El Niño e outros eventos extremos de mau tempo durante o século XX.
É, exactamente, no ponto dos factores antropogénicos que se tem centrado o debate dentro da comunidade. Os cientistas encontram-se divididos quanto às causas para este comportamento do planeta, existindo diferentes perspectivas para esta problemática, tais como: causas antropogénicas, a variação da radiação solar ou recuperação do planeta depois da Pequena Era Glacial, que ocorreu entre os séculos XIII e XIV.
Independentemente de qual ou quais os factores que promovem o aquecimento do planeta, este tem provocado algumas consequências negativas sobre a saúde humana, economia e meio ambiente tendo sido, desde há muito, fonte de grande preocupação. Importantes mudanças ambientais têm sido observadas e foram ligadas ao aquecimento global, como sejam a diminuição da cobertura de gelo, aumento do nível do mar, mudanças dos padrões climáticos ou alteração dos ecossistemas.
Contudo, assistimos também a consequências positivas, uma vez que o aumento da temperatura e da concentração de dióxido de carbono podem aumentar a produtividade do ecossistema.
Com o lançamento do documentário “Verdade Inconveniente”, Al Gore deu uma nova dinâmica ao debate sobre alterações climáticas, esperando-se que, no “Ano Internacional da Terra”, atribuído a 2008, este debate seja muito mais profundo e conclusivo, de modo a promover políticas ambientais sérias a nível mundial.
Por: António Costa
