A CulturGuarda apresentou, no primeiro semestre deste ano, um resultado líquido negativo de 29 mil euros, um valor muito próximo do chamado “lucro nulo”. Isto é, quase oito vezes menos que os 214 mil euros registados em igual período de 2006. O feito foi elogiado pelo executivo na última reunião de Câmara, mas os vereadores sociais-democratas alertaram para o facto empresa municipal que gere o TMG e o Cine-Estúdio Oppidana continuarem a «derrapar em termos de execução orçamental».
De acordo com um comunicado da CulturGuarda – já que o vereador Vergílio Bento recusou-se a disponibilizar o relatório de Contas –, houve uma «redução total» de custos de cerca de 141 mil euros e um «aumento significativo» dos proveitos, «cerca de oito por cento», o equivalente a 43.500 euros. «Este aumento está directamente ligado ao crescimento de utilizadores no café concerto, aos melhores resultados de bilheteira do TMG e ao início da actividade do Oppidana», justificam os responsáveis da empresa municipal. Segundo a nota, neste primeiro semestre de 2007 realizaram-se no TMG 143 iniciativas (mais 17 que em 2006), «a que terão assistido 19.157 espectadores, mais 3.627 que em igual período do ano transacto, que apresentou o valor de 15.530 espectadores», acrescenta. Os números «realçam o esforço de maior contenção de despesas, mas que ainda não é suficiente, pois as contas continuam a derrapar em termos de execução orçamental», considerou Ana Manso.
A vereadora do PSD lamentou ainda a falta de um relatório de actividades para avaliar o relatório de contas semestral. «O que sabemos é que as actividades diminuíram no seu todo, mas, contraditoriamente, traduz-se num aumento de custos», apontou. Vergílio Bento respondeu, esclarecendo tal se deve à necessidade de adquirir mais produtos para o café concerto e ao «aumento significativo dos juros (10 mil euros)» que a CulturGuarda paga por uma conta caucionada. «Não há grandes desvios orçamentais entre o programado e o executado», tranquilizou o vereador e membro do Conselho de Administração da empresa municipal, realçando o facto de, «finalmente», se ter conseguido a sua estabilidade financeira. «Se tivesse havido as transferências do subsídio à exploração do Oppidana e de cobertura de prejuízos, logicamente que a CulturGuarda teria saldo zero ao fim do primeiro semestre de 2007», acrescentou. Quanto à redução do número de espectáculos, Vergílio Bento garantiu que «há um nível razoável de qualidade que é necessário manter e continuará a se mantido».
De resto, o responsável adiantou que as fontes de financiamento começam a ser diversificadas, nomeadamente através da produção de eventos, da prestação de serviços ou do aluguer de instalações. «São instrumentos fundamentais para o auto-financiamento da empresa», disse. Nesse sentido, Vergílio Bento reiterou os apelos ao Ministério da Cultura para que apoie a gestão deste equipamento. «É um espaço de dimensão regional e é importante que o apoio não se fique apenas por Lisboa ou Porto. A Guarda também merece e, pela sua história, trabalho e investimento realizado nos últimos anos, até pode reclamar o estatuto de capital cultural da Beira Interior», justificou.
Chupas e Morrão na biblioteca
A Chupas e Morrão vai assumir a conclusão da empreitada da futura Biblioteca Eduardo Lourenço, em construção na Quinta do Alarcão desde 2003. A confirmação foi dada por Joaquim Valente na reunião do executivo: «Tivemos a possibilidade de transferir a empreitada para uma empresa que tem desempenhado um papel importante na região e tem sido um bom prestador de serviço à Câmara da Guarda», afirmou. O presidente desconhece quando serão retomados os trabalhos, mas disse estar confiante que a conclusão dos trabalhos ocorra no final do primeiro trimestre de 2008. «Não é difícil acabar a obra. Apenas falta concluir quase todas as infraestruturas relacionadas com a instalação de ar condicionado, aquecimento, rede eléctrica e caixilharias, entre outras», adiantou.
Luis Martins