Almeida volta a ser palco este fim-de-semana de mais uma recriação histórica, no âmbito das tradicionais Comemorações da Batalha do Buçaco. O cerco da vila pelas tropas de Napoleão terá como pano de fundo a fortaleza e a praça-forte da Aldeia Histórica e, à semelhança de anos anteriores, promete atrair muito público. Esta encenação em que vão ser reconstituídos os terríveis momentos do cerco, bem como a trágica explosão do paiol, que levou à capitulação daquela temida praça-forte, é organizada pela autarquia local.
A encenação começa amanhã à noite, entre as 22 e as 24 horas, com a simulação da ronda de sentinelas e patrulhas nas Portas e os Bastiões da Fortaleza, enquanto os populares apelam à resistência. As hostilidades prosseguem na manhã de sábado, com o hastear das bandeiras dos países participantes na Praça Alta, seguindo-se a realização de actividades lúdicas que pretendem reconstituir os momentos de tensão vividos horas antes dos ataques à praça-forte de Almeida. Já da parte da tarde, o acampamento-museu abre-se à população, onde os visitantes poderão ver e tocar em réplicas das armas utilizadas na batalha. Ao cair da noite, tem lugar um espectáculo multimédia e piro-musical, onde será recriado um combate nocturno nas ruas da vila com infantaria, fogo de artilharia e efeitos pirotécnicos, em que o inimigo tenta forçar a entrada na Praça de Almeida, dando origem a um renhido combate de fuzilaria, bala rasa e lanterneta de canhão e terçar de baionetas. As emoções mais fortes estão reservadas para as 23 horas, altura em que será recriado o rebentamento de um dos paióis do Castelo, revivendo as 20 horas do dia 26 de Agosto de 1810, em que duas bombas saídas da bateria nº 4 das forças francesas caíram no local onde estava a pólvora. Tropas Anglo-Lusas, Milícias e Ordenanças Portuguesas e Tropas Napoleónicas defrontam-se ferozmente e quando tudo parece apontar para um triunfo dos soldados lusos, o paiol do Castelo explode e os acontecimentos mudam de rumo. A terra agita-se e desaparecem a silhueta do Castelo, a Igreja Matriz e todas as casas das imediações, morrendo milhares de pessoas entre civis e militares. Destruída a capacidade defensiva da Praça, as tropas portuguesas acabam por se render. As actividades prosseguem domingo com uma cerimónia evocativa do Cerco de Almeida, seguindo-se um acto formal de homenagem por parte do exército português aos mortos nesta batalha. À tarde, entre outras iniciativas, será recriada a rendição dos oficiais e das tropas.
Em simultâneo com a recriação do Cerco, realizam-se as Jornadas de Arquitectura Abaluartada. Neste âmbito, amanhã às 15 horas, terá lugar a abertura de um seminário sobre o Centro de Estudos de Arquitectura Militar, a inaugurar no sábado, em que serão intervenientes Batista Ribeiro, presidente da autarquia, o Tenente-Coronel Carlos Alberto da Fonseca, Ronald Brighouse, Rui Carita, Angel Callabuig e José d’ Encarnação. Às 16h30, será feito o lançamento do livro “Portas e poternas da Praça-Forte de Almeida”. Ao final da tarde, há uma visita a Aldea del Obispo e ao Fuerte de la Concepción. Já no sábado, nas Casamatas decorre um “workshop” subordinado ao tema “O projecto do município para a revitalização do Baluarte de S. João de Deus – Futuro Museu Militar. Opções arquitectónicas e construtivas”. As intervenções continuam ao longo de todo o dia com destaque para as apresentações de José Vilhena de Carvalho, que será agraciado com a medalha de ouro do município, Gianni Perbellini, Fernando Cobos Guerra, Pedro Dias, Ray Bondin, Major General Adelino Matos Coelho, Rui Casquilho e o General Sousa Pinto.
Ricardo Cordeiro