O presidente da Câmara de Penamacor, Domingos Torrão, considera que a instalação de um centro de reprodução do lince ibérico no Algarve contraria o trabalho feito na Serra da Malcata para receber aquela estrutura.
A instalação em Silves do Centro Nacional de Reprodução em Cativeiro do Lince Ibérico, em colaboração com o Parque Doñana, no Sul de Espanha, foi anunciada em Julho pelo ministro do Ambiente, Nunes Correia. Segundo um estudo da União Mundial para a Conservação (IUCN), divulgado em Maio, sobre os mamíferos em risco de extinção na Europa, só em Donãna e Sierra Morena resistem populações de lince ibérico viáveis a longo prazo. Nunes Correia justificou que o centro vai receber animais de Espanha para repovoar a zona da Barragem de Odelouca. A reprodução em cativeiro vai acontecer ao abrigo de um programa ibérico de repovoamento, cujo protocolo será assinado a 1 de Setembro, adiantou Nunes Correia. Contudo, Domingos Torrão considera que «a decisão política contraria o trabalho feito nos últimos cinco anos na Reserva Natural da Serra da Malcata», onde o ICN investiu no repovoamento de coelhos e na aquisição de centenas de hectares.
Aquela reserva foi criada em 1981 para proteger o lince ibérico, mas sem sucesso, sendo o centro de reprodução encarado como fundamental para inverter o processo. «Os técnicos defendem a Serra da Malcata como habitat natural preferencial para a espécie», sublinha, para justificar a surpresa do investimento em Silves. «Se a decisão política está tomada, devemos ter, pelo menos, a garantia de que os animais criados em cativeiro no Algarve vão repovoar a Malcata», defende o autarca. De resto, Domingos Torrão recorda que o município conta construir um Centro de Interpretação do Lince Ibérico, actualmente em fase de ante-projecto, que deverá custar mais de 1,5 milhões de euros e será candidatado ao Quadro Nacional de Referência Estratégica.