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Câmara de Celorico com superavit

Município passou de um resultado líquido negativo superior a 1,2 milhões de euros em 2005, para um saldo positivo de 37 mil euros no ano passado

A Câmara de Celorico da Beira saiu do vermelho em 2006. O relatório e contas do ano transacto, aprovado por maioria na última Assembleia Municipal, realizada na passada quinta-feira, revela os dados de uma recuperação financeira sem precedentes. Num ano, o município conseguiu poupar um milhão de euros nos custos com pessoal e nos consumíveis, apresentando resultados operacionais positivos de 330 mil euros, quando foram negativos em 860 mil euros em 2005.

Mas este não é o único dado histórico para a gestão do socialista José Monteiro, que parece ter conseguido o impossível nas contas municipais. No ano passado o resultado líquido do exercício também passou a positivo (37.250 euros), um verdadeiro “milagre” se atentarmos ao facto de ter sido negativo em mais de 1,2 milhões de euros no ano anterior. Pelo meio, o passivo manteve-se inalterado nos 19 milhões de euros, uma façanha de que poucos se podem orgulhar. Os documentos foram aprovados, juntamente com um plano de amortização da dívida, sem votos contra dos deputados municipais. José Monteiro sublinha que este resultado deve-se a «muita contenção na despesa», sobretudo nos combustíveis, nas telecomunicações e nos fornecimentos correntes. No primeiro caso, «os funcionários têm obrigatoriamente que comunicar o itinerário e assinalar os quilómetros de saída e chegada», refere, adiantando haver também uma «fiscalização apertada» das chamadas telefónicas. «Havia inúmeros telemóveis e telefonemas em excesso», garante o sucessor de António Caetano, derrotado nas urnas em Outubro de 2005.

«Nesta Câmara havia também muitos gastos supérfluos, mas com este executivo só se compra o necessário, Além disso, muito trabalho é feito por administração directa, o que se traduz numa redução significativa dos gastos em obras, além de termos intensificado a fiscalização», adianta José Monteiro. O autarca elogia o trabalho do vereador António Silva, a cuja gestão diária atribui os resultados operacionais de 2006. «Há mais rigor em tudo, não tem comparação com o que se passava antes», sublinha, não sem acrescentar que haverá também «mais trabalho, candidaturas e projectos». Nesse sentido, estima ter contratualizados cerca de 12 milhões de euros: «Temos mais valor de obras em 2006 do que nos seis anos anteriores», garante o edil. Quanto ao passivo, afirma que está controlado, embora reconheça que a situação está por um fio devido à situação financeira da Câmara. No entanto, no ano passado foi possível pagar 1,5 milhões de euros aos pequenos fornecedores locais, o que «deu uma nova “alma” ao comércio local, melhorou a credibilidade da autarquia e permitiu negociar outros pagamentos».

Dívida à EDP quase liquidada

«Hoje estamos a cumprir e as pessoas acreditam em nós. Quando entrei para a Câmara nem um prego se vendia ao município», recorda José Monteiro. Mas esses tempos parecem ir longe, pois até a dívida à EDP estava controlada em Janeiro. «Já liquidámos cerca de 200 mil euros de um total de 300 mil. Nestes dois anos de mandato conseguimos cumprir rigorosamente o plano de pagamentos acordado, o que veio dar-nos uma alma nova para outros trabalhos que temos em mãos», enaltece. Para tal contribuiu em muito o aumento das receitas, havendo «mais eficiência e muito controlo» na sua cobrança. «Antes não havia qualquer taxa para a água, resíduos sólidos urbanos e saneamento. Hoje cobramos uma taxa simbólica de um euro e alterámos os tarifários por escalões, pois quem consome mais tem que pagar mais», exemplifica, anunciando que o executivo vai alterar o licenciamento das obras particulares, responsável por «uma receita importante para os serviços».

Já o muito contestado regulamento da publicidade também vai mudar e as suas taxas baixar, porque «é um exagero o que se está a cobrar aos comerciantes», lamenta. José Monteiro considera inacreditável que algumas taxas tenham «subido quase mil por cento». A contenção também chegou à empresa municipal, alvo de uma reestruturação em termos de recursos humanos e de custos. E, na sua opinião, os resultados estão à vista: «O Solar do Queijo e o Centro Gastronómico estão a funcionar plenamente e já são sustentáveis, graças ao emprenho dos seus funcionários. Já o centro coordenador de transportes e outros equipamentos serão concessionados a privados através de um concurso público. Nas piscinas e no centro cultural esperamos um maior controlo dos gastos, tudo para que a empresa municipal possa ser um exemplo de gestão e economia daqui a dois ou três anos», espera.

Luis Martins

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