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Centro de Saúde e seus doutores

É típico ver-se à porta dos Centros de Saúde quase sempre as mesmas pessoas. Isso aflige-me e faz-me interrogar o porquê desta situação. Será que as pessoas não têm cura? Será que, como o povo comenta, vão ver os olhos ao sr. doutor? Ou o que os encanta é ficar na sala de espera, a cavaquear sobre os últimos acontecimentos? Ou será por uma grande falta de informação, negligência ou comodismo da parte dos clínicos? Tudo isto eu pergunto e fico cismada, porque não tem razão de ser!

As doses de medicamentos receitados – (basta aguardar algum tempo numa farmácia e fico estupefacta com as caixas que vejo aviar em cada receita, principalmente aos idosos) – têm este motivo: se não forem receitados logo se lamentam que o sr. doutor nem uns comprimidos receitou! A carga de químicos que muitas vezes são impingidas, porque a ignorância a isso obriga, já não se justifica nos dias de hoje. Não seria melhor elucidar os pacientes? Ensinar uns a comer e a outros a não comer tanto? E para dormir? Porque se tomam tantos Forenim (por exemplo)? Será falta de sono ou peso nas consciências? Além de que, com a idade, são necessárias menos horas de sono. (…) Não seria isso um bem para o país e para todos os cidadãos, reduzindo assim as despesas com a saúde, que todos pagam? E porque não uma inspecção (já que tanto se fazem) e ver, com olhos bem abertos, o porquê de tanto se recrutarem medicamentos em excesso? Os lucros dos laboratórios não serão o grande motivo desse mesmo excesso? De um lado a ignorância dos doentes, do outro a ganância dos médicos!

A maior parte das vezes tudo se resume a um simples clister! Os portugueses andam atulhados até à boca. O tempo não chega para ir ao WC, nas cidades pelo stress e nas aldeias também acontece nem sei porquê.

E os doutores não dão grande importância ao facto! O bom funcionamento do organismo começa e acaba aqui. É bem simples e, por norma, é para falar as coisas simples que se arranjam as maiores complicações. O ideal dos ideais: alma sã em corpo são.

É necessário algum esforço dos clínicos para ajudar a quebrar tabus, quer sejam sobre sexualidade ou outros também de grande interesse: vejo principalmente mulheres extremamente gordas e que afirmam pouco comer. Alguma coisa está errada e, se é obesidade, há tratamento e se não… cuidado com a gula!

(…) Devemos ser mais rigorosos. Nós, portugueses, habituámo-nos ao facilitismo em tudo. Estamos sempre virados para atribuir o mal aos outros; é contra o Governo, o vizinho, o tempo, o mundo que já não é o mesmo. Tudo continua da mesma forma. Os ciclos repetem-se. Os homens é que mudam, nas suas convicções. Chamam-lhe progresso. Ele é bom e facilita a vida (às vezes). Mas, para além do progresso, temos que ter em conta os nossos princípios, ajustá-los às nossas vidas para que estas tenham sentido e equilíbrio. Não nos deixemos levar por pressões sociais, familiares ou políticas, para que o valor da vida depende do sentido que cada um escolhe para si mesmo, recusando a ideia de fatalidade.

É importante que tenhamos a coragem de nos responsabilizarmos por nós e pelos nossos actos, hábito esse que caiu em desuso. É bom que se recupere para bem de todos. Não temos nenhuma necessidade de imitar os nossos políticos!

Zelinda Rente, Freches (Trancoso)

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