Um Congresso é um espaço de debate e de confronto entre futuro e passado. Num Congresso encontra-se o velho com o novo e descobrem-se novos métodos e novas tecnologias para proceder a actos antes “conhecidos”. Há reacção à mudança, há muitas arestas e azedumes que se levantam, há definitivamente um conflito entre a especialidade e as outras afins. Este tipo de reuniões são como o “eu” por dentro, são momentos de grande exposição do nosso eu às aprendizagens que o movem e adaptam. A cirurgia geral é hoje fruto de inúmeros contributos de outras ciências que lhe deram novos materiais, habilidade e meios de transpor barreiras até aqui impossíveis de imaginar. O eu que sou é também batalha campal entre o que aprendo e o que deixo de executar, entre as vezes que descubro um mundo novo e me decepciono com o que fiz e acredito, e deixa de ser verdade. Mentiras hoje eram certezas ontem e nesse confronto se faz evolução, se deixa uma estrada de sucessos e a convicção de muitos erros. Algumas mesas de Congresso transportam esta dúvida que move a ciência e nos faz melhores e maiores. Encontram-se velhos amigos, e estamos mais velhos, temos percursos tão diferentes, sortes e azares que se entrecruzam. Esta vitalidade que já se chamou dialéctica com tanta certeza e que agora sabemos provir de muitas variáveis incontáveis e incontroláveis a que denominamos dinâmica.
A biologia molecular não explica ainda as causas e não dá ainda as certezas e as convicções e também ela evolui a uma velocidade impossível para quem como nós representa uma parte técnica e executiva num processo que é clínica (pessoas) e ciência. A biologia molecular que quando me formei não vinha aos congressos é agora uma mulher madura de cabelos longos, mãe de dois filhos e que se apresenta segura e constante nas patologias e suas compreensões. O Mundo evolui independente de todos nós, mas sem dúvida connosco.
Por: Diogo Cabrita