Domingo há eleições. Os mais de 450 milhões de eleitores europeus de 27 países irão eleger 720 deputados, dos quais 21 são portugueses (que irão receber mais de 21 mil euros por mês), a que corresponde uma percentagem de 2,9% de toda a composição do Parlamento Europeu.
No deserto dos Tátaros de um país fictício, onde tudo e nada acontece, instalou-se por lá um circo onde o Pierrot e o Arlequim deram lugar ao Atchim e ao Espirro e o engolidor de espadas foi substituído pela mulher barbuda, o Plod, o Zorro, o Tubby Bears e o Noddy são trocados por personagens próximas do “lo è faccio dell’imberbe”, precisando seguramente de se alimentarem com dose substancial de feijoada provençal portuguesa. Deixem lá… com um pouco de sorte beirã havemos de ver a Dª Isilda em Bruxelas a representar os 50 habitantes de Mido, da atual União de Freguesias de Leomil, Mido, Senouras e Aldeia Nova.
As eleições europeias pouco ou nada dizem aos habitantes de cada país eleitor, razão pela qual são sempre as menos participadas, percebendo-se que os votantes irão exprimir muito mais o seu sentimento de apoio ou desagrado ao Governo do respectivo país. Por cá, não será excepção.
O Governo português já não está em estado de graça. Deixando de lado a caracterização rural, grotesca, punk ou metaleira do processo, é muito fraquinho e meteu-se por caminhos sinuosos: governa com o orçamento rosa que contestou. Diz que os cofres estão vazios e leva um valente puxão de orelhas de Bruxelas. Trapalhadas na AIMA, saneamentos na Polícia e na Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, com duas ministras a utilizarem uma linguagem vulgar e sem o mínimo de credibilidade ou mesmo sustentabilidade etc., etc., etc…. Salva-se a decisão da localização do aeroporto, baseada no parecer da Comissão Técnica (não percebi porque é que os outros não o fizeram). Até agora, apenas e tão só, um ponto para o Governo….
É com base em toda esta cadeia de razões, a que podemos aduzir mais duas ou três de reflexão europeia, que os portugueses vão votar.
Amanhã estará por cá a Dª Úrsula que abrilhantará a campanha da AD (sem quaisquer monárquicos, mas… com certos nabos, alguns alhos e poucos bugalhos) e, no périplo europeu, virá pedir “batatinhas” para a sua reeleição, pois é quase certo e sabido que o PPE (Partido Popular Europeu) pode não conseguir a maioria e Von Der Leyen necessitará dos votos da ID (Identidade e Democracia) da Le Pen e da Meloni, ou virar-se-á para os outros “fachos” dos CRE’s (Conservadores e Reformistas Europeus) do Santiago Abascal. A ver vamos…
Esta figura burlesca de uma Europa em transformação perceberá que todos os Cheganos querem aproveitarem-se, por todos os meios e feitios, do tal sistema que dizem contestar. Já combinaram na reunião da “internacional fascista” do mês passado, em Madrid, a reunificação com vista a conseguirem marcar a agenda e as grandes decisões no velho continente. No domingo há eleições. As sondagens são muito claras. Os partidos de extrema-direita podem igualar os tradicionais partidos socialistas e sociais-democratas da Europa. Portugal pouco poderá fazer. No entanto, por uma questão de consciência, cabe-me a mim, cabe-lhe a si, impedir o avanço desse escarro que entretanto as democracias ocidentais permitiram parir, quais fantasmas de um passado recente, hoje travestido de pele de cordeiro e palavrinhas “fofinhas” que, se não for travado, mudará definitivamente toda a política europeia e mundial.
Estamos na encruzilhada do caminho de Damasco. No domingo, independentemente do bom tempo e de um fim de semana prolongado, vá votar. Por Portugal. Pelo nosso futuro coletivo nesta Europa que se quer cada vez mais dialogante, mais livre, mais igualitária e bem mais democrática.
Os Cheganos do sistema
“As eleições europeias pouco ou nada dizem aos habitantes de cada país eleitor, razão pela qual são sempre as menos participadas, percebendo-se que os votantes irão exprimir muito mais o seu sentimento de apoio ou desagrado ao Governo do respectivo país. Por cá, não será excepção. “