Cultura

«Foi Eduardo Lourenço que me ensinou a pensar Portugal»

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Escrito por Carlos Gomes

Isabel Soler, investigadora e ensaísta da Universidade de Barcelona, esteve na Guarda para receber o Prémio Eduardo Lourenço

O 20° Prémio Eduardo Lourenço foi entregue, na quinta-feira, a Isabel Soler na biblioteca batizada com o nome do pensador, na Guarda. A investigadora da Universidade de Barcelona foi reconhecida pela importância do seu trabalho crítico e ensaístico, bem como pela relevância do «trabalho continuado» de tradução de grandes autores de língua portuguesa, com destaque para Vergílio Ferreira, Jorge Amado e Manuel Rui.
A sua obra estuda a ligação entre a arte, o humanismo renascentista, as viagens portuguesas e o navegante enquanto figura primordial do Renascimento europeu. «Este prémio tem um grande significado, uma vez que foi Eduardo Lourenço que me ensinou a pensar Portugal», afirmou a galardoada, que partilhou «a grande emoção e grande honra» por receber este prémio. «Sobretudo pelo que representou Eduardo Lourenço para a minha formação intelectual, mas também o meu progresso no estudo sobre Portugal, a sua literatura e a sua cultura», acrescentou. Isabel Soler referiu também que os seus alunos gostam «muitíssimo» da língua portuguesa e disse ser «muito importante que eles possam criar essa paixão pela cultura portuguesa».
Recorde-se que a ensaísta participou, em abril de 2023, no ciclo de conferências Internacionais “A Europa dos Escritores”, na BMEL, onde conversou com alunos do secundário sobre o tema “Os oceanos ainda lá estão? páginas de sal na literatura contemporânea”.
Na cerimónia de entrega do prémio, no montante de 7.500 euros, o presidente da Câmara da Guarda, Sérgio Costa, afirmou que «foi uma justa e unânime decisão do júri», reconhecendo «a importância do seu trabalho crítico e ensaístico e a sua original abordagem à experiência e conhecimento do Renascimento ibérico». Instituído pelo Centro de Estudos Ibéricos (CEI) em 2004, em honra do seu mentor e diretor honorífico, o galardão distingue anualmente personalidades ou instituições com intervenção relevante no âmbito da cultura, cidadania e cooperação ibéricas. O júri decidiu atribuir o prémio a Isabel Soler, reconhecendo a «importância do trabalho crítico, mas também ensaístico em relação às mais diversas pesquisas que tem vindo a fazer ao longo da carreira». A sessão contou ainda com a intervenção do professor Henrique Leitão, da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, que fez o elogio à galardoada.
Assinalando um ano do início das comemorações do centenário do nascimento de Eduardo Lourenço (1923-2020), teve ainda lugar o encerramento simbólico do programa evocativo, a inauguração da exposição fotográfica “O esplendor do caos. Livros e Bibliotecas de Eduardo Lourenço”, de Duarte Belo, e a apresentação de dois livros: “A Biblioteca de Eduardo Lourenço”, coordenado por António Pedro Pita e Rui Jacinto, que reúne as referências bibliográficas de todas as obras da biblioteca pessoal do ensaísta natural de São Pedro do Rio Seco (Almeida). Eduardo Lourenço legou livros e acervo literário a cinco espaços diferentes: Biblioteca Municipal Eduardo Lourenço, na Guarda; Faculdade de Letras e Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra; Casa da Cidadania da Língua, em Coimbra; e à Biblioteca Nacional em Lisboa. A outra obra apresentada intitula-se “Leituras de Eduardo Lourenço” e reúne um conjunto de textos de especialistas na obra lourenciana.

Carlos Gomes

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