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Pois, Pois

MÁ-FÉ? Leio com alguma surpresa uma notícia do Terras da Beira (05/10/06). “IPG perde 96 caloiros” é o grande destaque de primeira página que nos remete para a página 5. Aqui, vê-se uma fotografia da Escola Superior de Educação, com uma legenda a sublinhar a perda de 56 caloiros e no cabeçalho lê-se: ” (…) a Escola Superior de Educação foi a que perdeu o maior número de alunos.”. Vamos então aos factos.

O IPG “perdeu” 96 caloiros, quer dizer, 96 alunos dos 492 que entraram na primeira fase do concurso nacional de acesso ao Ensino Superior decidiram não se matricular na instituição, com certeza na esperança de na segunda fase entrarem noutro curso ou noutra instituição qualquer. Destes, de facto, 56 pertenciam à ESEG. Onde está então o problema? Muito simples. Quem ler e, sobretudo, quem se limitar a passar os olhos por esta reportagem fica com a impressão de que a ESEG é a escola do IPG que se encontra em pior situação. E isto é falso. Tanto em termos da taxa de ocupação dos alunos matriculados (54%, contra 35% da ESTG e 38% da ESTT) como em termos do número absoluto de alunos matriculados, onde ultrapassa inclusive a Escola Superior de Saúde (ESS), que teve uma taxa de ocupação de 100%. Assim, matricularam-se 133 alunos na ESEG, 119 na ESTG, 102 na ESS e 40 na ESTT. Pegue-se por onde se quiser nos dados e chega-se sempre à mesma conclusão: a ESEG figura sempre nos primeiros lugares.

Comentário? Não quero acreditar que se trate de má-fé. Deve ser apenas uma certa incapacidade para saber distinguir o essencial do acessório. De qualquer maneira, fica aqui a chamada de atenção.

OPOSIÇÃO SUAVE. Não é fácil ser vereador na oposição. De quinze em quinze dias, estes senhores vão à reunião do executivo municipal. E o que é que lá fazem? Bem, em princípio, o único objectivo é atrapalhar e impedir que o executivo faça alguma coisa.

Há aqui um problema mais profundo e que radica numa lei eleitoral que não previu os efeitos paralisantes da aplicação da regra da proporcionalidade ao executivo municipal. Os vereadores da oposição são uma espécie de ministros sem pasta e, portanto, sem poder, que se limitam a votar em bloco sobre questões avulsas apresentadas nas reuniões do executivo – vedadas, na prática, ao cidadão comum. Debate político, nicles.

É neste contexto pouco favorável que se deve enquadrar a actual oposição do PSD na Guarda. Para já, sob a liderança de José Gomes, temos assistido a uma oposição civilizada, cooperante e, por assim dizer, apagada. Eu compreendo. Por um lado, há uma tentativa de se demarcar do estilo trauliteiro de Ana Manso, que não deixou saudades nem grandes resultados e, por outro, tem a ver com o estilo pessoal de José Gomes. José Gomes é engenheiro como Joaquim Valente e, por isso, tem fatalmente tendência para ver os problemas do mesmo ângulo. Em relação a propostas alternativas, que deve ser a principal função de uma oposição responsável, só conheço uma: a criação de uma empresa municipal para gerir todos os equipamentos culturais do município, que neste momento se encontram dispersos. Uma proposta pertinente e que merece ser aprofundada e discutida.

Infelizmente, com este tipo de oposição, José Gomes não vai lá. Se as pessoas não perceberem nenhuma diferença substancial entre ele e o actual presidente de câmara, não terão nenhum motivo para daqui a três anos lhe darem o voto. Entretanto, Ana Manso voltou ao seu posto de vereadora e, apesar de estar politicamente comatosa, pode dificultar a vida a José Gomes, arranjando conflitos e divisões. Esperemos que não. Até porque a Guarda precisa de uma oposição a sério. Valente e a sua equipa – que está a revelar muitas deficiências – começam a dar sinais de desnorte. E faz falta alguém que tenha um rumo.

Por: José Carlos Alexandre

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