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Cabeço do Pião seguro para projecto turístico

Resíduos das minas não comportam riscos para a saúde, garante especialista

A zona do Cabeço do Pião, nas Minas da Panasqueira, para onde a Câmara do Fundão está a desenvolver um projecto turístico, é segura e não comporta riscos para a saúde apesar de ali estarem enterrados resíduos perigosos resultantes da extracção mineira. A garantia foi dada pela autarquia, com base nos trabalhos que estão a ser desenvolvidos por um grupo de especialistas encarregue de estudar a consolidação das escombreiras, separação de águas lixiviadas e controlo de um aterro de resíduos.

Segundo Alexandre Leite, professor da Faculdade de Engenharia do Porto e membro do Departamento de Minas, «já nenhuma das situações no Cabeço do Pilão representa perigo». No entanto, a consolidação das escombreiras é a que merece mais atenção.

São montes de terra e rocha retiradas do subsolo e acumuladas ao longo de 40 anos de exploração, atingindo dezenas de metros de altura. Com o fecho da lavaria, a zona onde se procedia à separação dos minerais, desapareceu também a manutenção regular daquelas terras. «Felizmente, e apesar dos relatórios alarmistas de algumas instituições, as escombreiras e barragens foram bem feitas e têm resistido às chuva», garantiu. Apesar de terem sido amontoados na zona sub-produtos das minas, alguns perigosos para a saúde, como o arsénio-pirite, não há «hoje qualquer risco», assegurou. O investigador da Universidade do Porto considera mesmo que o aterro é um exemplo que pode ser usado de forma pedagógica.

«Há um depósito de arsénio-pirite que esteve a céu aberto durante cerca de 40 anos até a Câmara do Fundão ter feito um aterro, há quase ano e meio. Na altura foi feita a impermeabilização dos resíduos, o que impede infiltrações ou que se desloquem para o rio Zêzere ou para outros solos», descreveu. E acrescentou que têm sido feitos «regularmente» estudos geoquímicos que mostram «que não há concentrações de arsénio-pirite nos solos nem na água daquela zona». O projecto da Câmara do Fundão prevê a requalificação turística do património edificado e ambiental da antiga lavaria. O denominado “Projecto Rio” inclui uma Pousada da Juventude – que está concluída e será inaugurada até ao final do ano –, um centro de documentação das minas, um parque arqueológico, museu ao ar livre com centro de interpretação e de leitura da paisagem e circuitos pedestres, com um custo total de cerca de 7,5 milhões de euros.

Jerónimo de Sousa considera Minas da Panasqueira um «exemplo»

Líder comunista visitou complexo mineiro e realçou o sucesso do investimento na produção nacional

O secretário-geral do PCP classificou as Minas da Panasqueira como «um exemplo do investimento na produção nacional». Jerónimo de Sousa falava, na terça-feira, à saída de uma visita ao interior das minas de volfrâmio, onde tinha estado pela primeira vez há 20 anos como dirigente sindical dos sectores metalúrgico e mineiro.

«Esta visita serviu para dar relevo a uma unidade de produção que emprega mais de 300 trabalhadores, numa região muito afectada pelo desemprego, nomeadamente no sector têxtil», realçou. Segundo o dirigente comunista, as Minas da Panasqueira passaram por dificuldades, «que foram superadas, e são hoje o exemplo de que vale a pena investir na produção nacional, no nosso aparelho produtivo». Por isso, «não podemos apenas denunciar o que esta mal, temos também de incentivar quando é o caso, com esta ideia fundamental de que, sem defesa e modernização do aparelho produtivo, não há soluções económicas que se mantenham de forma solidificada», concluiu. Actualmente, a produção mensal da Panasqueira ronda 120 a 130 toneladas de minério, exportadas na totalidade para uma fábrica nos Estados Unidos da multinacional alemã Osram, conhecida sobretudo por fabricar lâmpadas de iluminação, cujos filamentos são feitos com tungsténio (outra designação de volfrâmio). Este contrato de fornecimento exclusivo dura até 2010, garantindo o escoamento do minério até essa altura. Depois, Fernando Vitorino, administrador da Beralt Tin, acredita que, com o crescente consumo interno dos mercados asiáticos, nomeadamente na Índia e China, «haverá espaço, no futuro, para as Minas da Panasqueira. Possivelmente até para fornecer esses mercados».

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