Sociedade

Gasoduto entre Celorico da Beira e Zamora tem custo estimado de 350 milhões de euros

Hidrogénio
Escrito por Efigénia Marques

O projeto H2Med, que vai transportar hidrogénio verde para a Europa, deverá estar operacional em 2030

O ministro do Ambiente, Duarte Cordeiro, garante que Portugal será obrigado a fazer «reconversões da rede de gás para fazer chegar o hidrogénio das zonas de produção para Celorico da Beira e, por sua vez, para Espanha. Também do lado espanhol exigirá essas reconversões».
Em Portugal estão em causa as ligações de gás entre Figueira da Foz e Celorico da Beira e a de Monforte a Celorico da Beira, sendo que a primeira é a que tem, atualmente, um «potencial produtivo mais adiantado» e pode atrair «novos projetos de hidrogénio verde» além dos que estão já ali identificados, segundo disse Duarte Cordeiro aos jornalistas em Alicante (Espanha), onde os chefes dos governos português, espanhol e francês estiveram reunidos na semana passada para discutir o assunto. «Estas reconversões farão parte da candidatura [do H2MED a fundos europeus], da viabilidade económica deste corredor», acrescentou o ministro, que estimou o custo de adaptação da ligação entre a Figueira da Foz e Celorico da Beira em 120 milhões de euros.
O governante adiantou que houve trabalho técnico desenvolvido nas últimas semanas para chegar aos detalhes apresentados em Alicante e que se segue agora um memorando de entendimento entre os operadores dos três países (no caso de Portugal, a REN) para concretizar o projeto e a candidatura, que tem de chegar a Bruxelas até 15 de dezembro. De acordo com um documento divulgado na sexta-feira naquela cidade espanhola aos jornalistas, após o encontro de António Costa, Pedro Sánchez e Emmanuel Macron, que contou também com a presença da presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, a ligação terrestre entre Celorico da Beira e Zamora, em Espanha (CelZa, com 248 quilómetros) está orçamentada em 350 milhões de euros.
Já a fatia de leão do investimento, os 2.500 milhões de euros anunciados pelo presidente do Governo espanhol, serão apenas para a ligação submarina entre Barcelona e Marselha (BarMar, de 455 quilómetros). Juntas, as duas ligações constituem o projeto H2Med, como foi batizado, que deverá estar operacional em 2030. O ministro do Ambiente português congratulou-se por Ursula von der Leyen ter já «avaliado positivamente» o acordo alcançado para o H2MED, um projeto que está em linha com os objetivos europeus de descarbonização (redução das emissões poluentes) e o aumento da «segurança energética» da União Europeia, ou seja, menor dependência de países terceiros.
Segundo a informação conhecida na sexta-feira, o H2MED terá capacidade para transportar 2 milhões de toneladas anuais de hidrogénio verde entre Barcelona e Marselha e 750 mil toneladas entre Celorico da Beira e Zamora.
Estas quantidades correspondem a 20 por cento do consumo de hidrogénio verde (H2) estimado em toda a União Europeia em 2030, o que faria deste projeto o primeiro grande corredor europeu desta energia.
A União Europeia estabeleceu este ano como objetivo para 2030, para reduzir a utilização de gás, o consumo de 20 milhões de toneladas anuais de hidrogénio verde, sendo que 10 milhões deverão ser produzidas dentro do espaço europeu e 10 milhões importadas.

Sobre o autor

Efigénia Marques

Leave a Reply