A necessidade de recolher e analisar «um volume de informação muito expressivo e acima do que foi inicialmente considerado» está na origem do adiamento da entrega ao Governo do relatório final sobre os grandes incêndios rurais deste Verão.
A decisão foi confirmada pelo Ministério da Administração Interna (MAI), que adiantou que o documento que devia ter sido apresentado em novembro sê-lo-á até ao final de janeiro de 2023. Em setembro, um painel de 30 peritos convidados pelo Governo para fazer a avaliação técnico-científica dos grandes incêndios rurais de 2022 reuniu-se pela primeira vez no MAI. Este relatório, que vai analisar os incêndios que não foram extintos em 90 minutos (10 por cento do total de fogos), vai juntar-se à análise que também está a ser feita pela subcomissão de lições aprendidas da Comissão Nacional de Gestão Integrada de Fogos Rurais, que integra a orgânica da Agência para a Gestão Integrada de Fogos Rurais (AGIF), liderada por Tiago Oliveira.
Confrontado com este adiamento, o gabinete de José Luís Carneiro referiu que o coordenador do painel de 30 especialistas, José Manuel Mendonça, professor da Universidade do Porto, solicitou «formalmente um prolongamento do prazo» inicialmente fixado. «Este pedido decorre da necessidade de recolha e análise de um volume de informação muito expressivo e acima do que foi inicialmente considerado», acrescentou o MAI. A tutela revelou ainda que está previsto que o relatório final seja entregue até ao fim de janeiro de 2023, «em tempo que permita ainda considerar, no planeamento do próximo dispositivo, as propostas e recomendações que venham a ser apresentadas». O Ministério da Administração Interna sublinha também que tem estado em «permanente articulação» com o coordenador do painel de especialistas, que estão a desenvolver «um processo autónomo e independente» e em paralelo ao trabalho que está a ser desenvolvido pela AGIF.
No final, e perante os relatórios do grupo de peritos e da Subcomissão Nacional de Lições Aprendidas da AGIF, a Comissão Nacional de Gestão Integrada de Fogos Rurais apreciará a informação e recomendações e conclusões, que enviará ao Governo. Segundo o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), os incêndios rurais consumiram este ano 110.007 hectares, o valor mais elevado desde 2017, tendo sido o fogo da Serra da Estrela aquele que registou maior área ardida, com quase 25 mil hectares.
Relatório sobre grandes incêndios só no final de janeiro
Peritos pediram mais tempo para fazer avaliação técnico-científica dos maiores fogos florestais registados este ano, com destaque para o da Serra da Estrela