Aqui há dias, a notícia de que, entre outros constrangimentos, durante pelo menos um almoço faltou comida para dar aos alunos, na cantina da Escola Afonso de Albuquerque, surpreendeu a Guarda. Surpresa tanto maior quanto maior for a lembrança de «A Educação será uma das principais prioridades no próximo mandato autárquico», inscrito no programa eleitoral do Movimento Pela Guarda, e do facto de a anterior diretora do Agrupamento de Escolas de que a Afonso de Albuquerque é a sede ser hoje a vereadora responsável pelo pelouro da Educação. Ora, se isto aconteceu com uma vereadora que, supostamente, por ter sido diretora daquele Agrupamento de Escolas, deveria perceber mais do funcionamento da cantina escolar do que o próprio presidente diz perceber da gestão das “águas”, será mais do que legítimo questionarmo-nos sobre o que não estará a acontecer com a gestão de todas as outras áreas. Aquelas em que não é suposto que nenhum dos dois, ou dos três, perceba o que quer que seja.
Pois bem, doze meses volvidos sobre a tomada de posse do atual executivo camarário guardense, das doze propostas (a bem da verdade, só encontrámos onze, porque a relativa às “Freguesias” é a repetição da da “Requalificação Urbana) revisitadas, o que, mais do que qualquer outra coisa, continua também a surpreender é o teor das ditas que, só por si, já justificará tanta dificuldade na sua concretização.
A título de exemplo, porque dar volta àquilo tudo não é coisa que aqui caiba, atente-se nesta da área do “Ambiente”: «Nos terrenos da atual Feira Quinzenal irá nascer a nova Mata Municipal – um novo Pulmão na Cidade, pois localizando-se na vertente Norte da Cidade, tem as condições ideias para o seu surgimento…». No caso, só o facto de desconfiarmos que quem escreve os programas eleitorais, por estar mais preocupado com aquilo que acha que as pessoas querem ouvir, é sempre pouco dado a refletir sobre o conteúdo dos mesmos ou a ouvir alguém que perceba, mesmo, do assunto, nos permite condescender que aquilo não era nada do que o senhor presidente queria dizer. Primeiro, porque ninguém, no seu perfeito juízo, defende que um local deva ser o pulmão da cidade, mas, antes de o ser, se entretenha a encharcá-lo com fumo dos tubos de escape dos carros das provas automobilísticas que lá gostam de promover. Depois, ninguém, minimamente formado, se propõe alterar a paisagem só por lhe parecer que a dita ficará mais bonita na fotografia. Aliás, suspeita-se até que o senhor presidente da Câmara, conseguindo imaginar o que seria aquela encosta cheia de árvores a arder cidade acima, se quedaria tão estarrecido que nem o discurso, empolado e fátuo com que pretende encantar, lhe sairia no tom a que nos vamos habituando.
Ainda assim, a boa da exceção: perante a promessa, naquela “área de governação” que é a dos “Funcionários da Câmara”, de «…seremos sempre solidários com todos vós», depois da condenação daquela funcionária que enquanto vereador tutelou, parece que o nosso autarca sempre dá em cumprir qualquer coisinha.
Em busca do programa perdido…
“Pois bem, doze meses volvidos sobre a tomada de posse do atual executivo camarário guardense, das doze propostas (a bem da verdade, só encontrámos onze, porque a relativa às “Freguesias” é a repetição da da “Requalificação Urbana) revisitadas, o que, mais do que qualquer outra coisa, continua também a surpreender é o teor das ditas que, só por si, já justificará tanta dificuldade na sua concretização.”