O Alert –Sistema de Informação Clínica para Urgências, implementado naquele serviço do Centro Hospitalar da Cova da Beira (que engloba os hospitais do Fundão e da Covilhã) desde Maio do ano passado, poderá “estar por um fio”.
Pelo menos são os rumores que correm nos corredores do CHCB desde que a nova administração, presidida pelo médico João Casteleiro, tomou posse. Tudo começou assim que foram conhecidos publicamente os novos elementos do Conselho de Administração (CA) porque «alguns não gostavam do sistema e pretendiam acabar com ele», apurou “O Interior” junto de algumas fontes hospitalares. Já outros alegam que o fim do Alert se deve ao facto de ser demasiado «dispendioso» para o hospital. Embora ainda não tenha surgido qualquer informação oficial sobre o assunto, a verdade é que a notícia surtiu efeito junto de alguns clínicos e funcionários do hospital, que pararam inclusive a formação perante a eventualidade do sistema poder vir a acabar. Ainda para mais quando o CA emitiu duas circulares internas contraditórias nas primeiras semanas de Janeiro. A primeira informava que as Urgências iriam funcionar apenas com o Alert e sem papéis a partir de Fevereiro. A segunda, emitida a 18 de Janeiro, deliberava tão só a anulação da primeira sem, no entanto, explicar as razões.
Entretanto, a normativa do Ministério da Saúde a impor o Alert em todas as urgências dos hospitais do Serviço Nacional de Saúde parece ter levado o CA a recuar na decisão e a acalmar aqueles que se insurgiam contra o fim de um programa que custou 1,2 milhões de euros em equipamento informático, formação e interface entre todos os sistemas digitais existentes no hospital, nomeadamente o Sistema de Apoio ao Médico (SAM) e o Sistema de Apoio ao Enfermeiro (SAF). Dinheiros públicos, financiados em 75 por cento pela União Europeia, cabendo apenas ao hospital suportar a verba restante.
O Alert, que consiste na informatização dos dados clínicos relativos a um episódio de urgência, permite melhorar a capacidade de funcionamento do hospital e reduzir o tempo de espera nas urgências, visto tratar-se de um sistema que permite a informatização da informação relacionada com o atendimento dos utentes e a eliminação dos tradicionais papéis.
Além disso, assenta na utilização de monitores sensíveis ao tacto. Um “software” clínico considerado único no mundo, pois facilita o acesso dos profissionais a qualquer dado, desde a consulta de informação clínica de episódios anteriores, à informação técnica de apoio e à vigilância de cada paciente. Confrontado por “O Interior”, João Casteleiro disse apenas que o Alert «está cá e a funcionar», sem no entanto rejeitar que poderá vir a abdicar do sistema no futuro, até porque é «dispendioso». Mas, por enquanto, é um assunto que ainda «não está decidido», até porque «não se pode estar a destruir uma coisa sem termos um substituto», acrescentou. «Temos que ser sensatos, pois é um sistema que custou muito dinheiro. Tem algumas vantagens, mas tem que ser reequacionado», admitiu.
Liliana Correia