Na última quinta-feira as chamas alastraram-se até ao concelho de Celorico da Beira, vindas da Serra da Estrela. Linhares e Carrapichana foram duas zonas preocupantes para os operacionais que combatiam o incêndio. Carlos Ascenção, presidente da câmara de Celorico da Beira, desabafa que «tivemos sorte – que é o azar dos outros, precisamente. O vento estava a empurrar o incêndio para o concelho da Guarda», mas conta que mesmo assim «houve uma larga área de mato, floresta, campos agrícolas e olivais que também arderam, sobretudo na zona de Linhares e Quintãs».
Quanto aos prejuízos provocados pelo fogo, o presidente do município explicou que «ainda não há uma estimativa quantificada. Estamos a fazer esse trabalho». «E acredito que alguns acrigultores com danos estarão a contar com alguns apoios», acrescentou.
Questionado quanto aos agricultores que precisam de ajuda neste momento, Carlos Ascenção começa por dizer que «há aqui um acumular de situações negativas». «Já tínhamos, por força da Covid-19, dado alguns apoios aos agricultores. Entretanto, com o agravamento da seca tem sido um flagelo muito grande, que foi obviamente agravado pela situação da guerra que causou uma inflação galopante no preço das rações. Se os agricultores já tínham dificuldades, estão a defrontar-se com mais», reflete. E aproveita para deixar a nota de que «alguns agricultores já manifestaram necessidades e nós, autarquia, estamos disponíveis para ajudar os que precisam. E obviamente que nós (Guarda, Gouveia, Manteigas, Covilhã e Seia) estamos em conjunto para procurarmos as respostas necessárias de forma a respondermos a quem necessita», garante.
Segundo o Sistema Europeu de Informação sobre Incêndios Florestais já arderam 23 mil hectares na Serra da Estrela. O presidente da câmara de Celorico da Beira chama a este cenário de «trajédia». «A destruição destes ecossistemas vai demorar décadas a recuperar», diz o autarca.
«Se os agricultores já tínham dificuldades, estão a defrontar-se com mais»
