P – É capitã da equipa sub-19 do Benfica, como surgiu esta responsabilidade? R – Responsabilidade, diz bem. Quando se é escolhida para um posto destes é sempre indicação dos “místeres”. Talvez pensassem que tinha as características necessárias. Cabe-me a mim, todos os dias, demonstrar-lhes que a confiança que depositaram em mim não as desiludiu. P – E como chegou ao clube, cujo centro de formação está a frequentar? R – Como é sabido frequentei desde os petizes a UDP, em Pinhel, onde treinadores me ensinaram técnicas e desenvolveram as minhas capacidades nesta área. Depois, durante algum tempo joguei no Futebol Clube de Seia. Mais tarde surgiu a oportunidade de ir fazer um teste desportivo no Benfica, onde fui imediatamente aceite e continuo, com muito gosto, a trabalhar até hoje para a minha evolução. P – O objetivo é ser profissional e seguir as pisadas de Ana Borges e Sílvia Rebelo, entre outras? R – Claro, assim o espero e é o meu sonho. Devemos tomar como exemplo estas atletas que tudo fazem, ao mais alto nível, para representarem o país e a instituição a que pertencem. P – É fácil conciliar o futebol com a vida pessoal? R – É evidente que para haver um equilíbrio entre as duas vertentes devemos estar preparadas e abdicar de uma vida a que chamamos “normal”. No meu caso, a distância entre a terra onde vivia e tinha a frequência escolar e o Centro de Formação do Benfica era de 400 quilómetros. Tornava-se impossível, em muitas ocasiões, manter assiduidade nas duas ao mesmo tempo. Houve que tomar outras alternativas viáveis e hoje, com mais tranquilidade, conseguir o tal “equilíbrio” entre as duas vivências que, para mim são importantes. Trabalho e entrega são essenciais. P – Como vê o futebol feminino em Portugal e no distrito da Guarda, em particular? R – O futebol feminino ainda não tem a valência, nem é olhado pelos adeptos, como o masculino. Mas houve uma grande evolução na assistência aos jogos e no investimento dos próprios clubes. Na Guarda, como me perguntou, as coisas também estão a mudar. Há mais jogadoras e clubes a apostar nesta área. Eu, como nasci neste distrito, agradeço as condições que me permitiram usufruir da minha situação atual. Quero acrescentar também que sem o empenho dos pais e o apoio da família nada feito. Quanto a isso tenho sido uma privilegiada. Agradeço igualmente a O INTERIOR por esta oportunidade porque é bom que estes temas sejam abordados para criar vontades e dar exemplos aos interessados. _______________________________________________________________________
CAROLINA ANTÓNIA DE ALMEIDA BARAÇAS FERREIRA
Idade: 17 anos
Naturalidade: Pinhel Profissão: Estudante Currículo: Escolaridade básica e secundária em Pinhel; Frequenta desde os 16 anos a escola para atletas do Sport Lisboa e Benfica; Participou, com distinção, em provas de atletismo e futebol do Desporto Escolar, ganhando na primeira modalidade algumas medalhas; Integrou as camadas jovens da equipa feminina da UD “Os Pinhelenses”; Frequentou a Academia Municipal de Música; Atualmente é jogadora do Benfica no escalão sub-19 e da seleção nacional de sub-17.
Livro preferido: “O diário de Anne Frank” Filme preferido: “1917”, de Sam Mendes
Hobbies: Ouvir música, andar de bicicleta, praticar outros desportos