Quando recentemente faleceu Jorge Sampaio escrevi num qualquer lugar: «Antes dele poucos, depois dele nenhum». Os acontecimentos mais recentes demonstram bem que de facto estamos perante um PR que faz as próprias marcas para saber como as ultrapassar. Uma forma lúdica de fazer política!
A situação a que se chegou com o chumbo do orçamento foi um verdadeiro baile de tartufos, onde alguns dançavam, outros pediam para dançar e levavam tampa e o mestre de cerimónias ia colocando alguns empecilhos no coro.
Percebo que o PS quisesse esta solução. Tem motivos de sobra para ficar contente com o desfecho que Marcelo Nuno foi cozinhando ao longo dos tempos. De uma cajadada, alguns barões e baronetes que se insinuam no “Palácio Praia”, ao Rato, viram-se livres de dois putativos candidatos à sucessão de António Costa. Fernando Medina, que, por inabilidade e alguma sobranceria, perdeu Lisboa e Pedro Nuno Santos, que defendia um entendimento com as forças à esquerda do PS, não deixando muito contentes os defensores do bloco central dos interesses. Nem terá sido necessária a previsível derrocada da TAP para os herdeiros do Barão de Quintela, os Marqueses de Viana, o Visconde de Monforte e o Marquês de Praia, casado com a filha e herdeira do Visconde de Monforte, afinal tudo gente do Palácio Praia, se desfazerem no mais bem colocado militante do PS quando chegasse a hora da decisão de verem António Costa pelas costas!
Os problemas do CDS e do PSD vêm mesmo a calhar, e um certo cansaço das pessoas nas propostas do BE são os condimentos que António Costa e Marcelo Nuno edificaram para uma solução feita à medida. Às vezes, a coisa não sai bem e sempre ouvi dizer que “cadelas apressadas parem cães cegos”. Vamos ver se o preço da bilha de gaz, os combustíveis, o fim das moratórias, o desemprego a subir não vão atrapalhar a solução amarcelizada!!
Deixei o PCP de propósito para o fim. Sempre dei a cara pelo PCP ao longo de muitos anos, e se pontualmente discordo de algumas posições demarco-me naturalmente delas, sem tampouco colocar em causa o essencial das propostas para Portugal. Como não sou militante, não me obrigo à disciplina partidária e por isso fui sempre muito crítico da “geringonça”, não da legitimação do governo PS, nem da aprovação do primeiro orçamento, mas sempre achei que a “bota não batia com a perdigota” a partir do segundo orçamento do governo PS, e logo aí o PCP deveria ter votado contra, já que o «PS não cumpria», segundo as palavras do secretário-geral do PCP. Jerónimo de Sousa, se de facto prestasse contas, como é habitual entre os comunistas, teria a obrigação de explicar o que diferencia este orçamento mau dos anteriores, péssimos, que viabilizou.
Sinto muito, e a aposta em nova gente no PCP pode ser boa para evitar os descalabros anunciados, iguais aos que se verificaram nas três últimas eleições, onde o PS foi o único beneficiado.
Acho que o PCP, sem perder princípios, deve alargar a sua atividade política a outras áreas que emergiram na sociedade e que não lhe merecem grande atenção. Não se pode continuar a combater pela melhoria das condições de vida dos trabalhadores e do povo, e nos pleitos eleitorais ser penalizado constantemente! Algo não está a correr bem! A culpa não vem de fora, é de dentro, mas repito é um problema que só é meu enquanto candidato da CDU e simpatizante do PCP, mas limito-me a opinar!
“Quando o machado entrou na floresta as árvores disseram: – O cabo é dos nossos” Provérbio turco!
Amarcelai-vos Senhor!
“A situação a que se chegou com o chumbo do orçamento foi um verdadeiro baile de tartufos, onde alguns dançavam, outros pediam para dançar e levavam tampa e o mestre de cerimónias ia colocando alguns empecilhos no coro.”