Século após século, ano após ano, filósofos, pensadores e homens da ciência interrogaram-se quanto à origem da vida na Terra e elaboraram um sem número de teorias que tentavam desvendar esses mistérios. Com o decorrer do tempo foi-se passando, de forma gradual, das explicações mitológicas às pesquisas racionais e, por fim, científicas.
Um dos pensadores que primeiro elaborou uma teoria foi o filósofo grego Aristóteles. Este pensador adotou as ideias e observações de outros pensadores e acrescentou-as às suas próprias observações e experiências. A partir de todo esse material, elaborou a sua teoria para explicar um dos temas que o preocupavam: a origem da vida. E fê-lo de acordo com aquela que é conhecida como a Teoria da Geração Espontânea. Esta tese defendia que a vida no planeta surgiu a partir de matéria inerte que «espontaneamente» se transformava para gerar matéria viva.
Realizou observações num lago durante um grande período de tempo e viu que nesse lago nasciam peixes; chegou à conclusão de que os novos peixes tinham saído do lodo.
Como resultado de múltiplas experiências e observações, Aristóteles escreveu as obras “Generatio Animalium” e “Historia animalium”, onde se afirmou ser verdade, e resultado do que tinha observado empiricamente, que os pulgões surgiam do orvalho que cai de uma planta; as pulgas, da matéria em putrefação; os ratos, do feno sujo; os crocodilos, dos troncos em decomposição no fundo das massas aquáticas, e assim sucessivamente. Além disso, Aristóteles não se contentou em mostrar que da matéria inerte podia surgir vida, pois também propôs qual era a força que residia nos elementos e que podia gerá-la. Aristóteles designou essa força por Enteléquia.
Enteléquia é o termo filosófico definido por Aristoteles e tem origem no grego entelechia, palavra que resulta da combinação enteles “completo”, telos “fim” ou “propósito” e echein “possuir”, e significa “possuir o fim em si mesma”. Ou seja, trata-se de uma força que em si mesma contém o fim que pretende alcançar.
Quando Aristóteles utiliza esta palavra está a referir-se a um estado ou existência no qual algo trabalha ativamente para conseguir um fim em si mesmo, e também se refere ao estado no qual se conseguiu realizar a potencialidade, ou seja, se conseguiu a perfeição. Por exemplo, a árvore é enteléquia da semente, o objeto para o qual a semente tende sem influência externa de outras entidades, com o objetivo de concretizar todas as suas potencialidades. A enteléquia é, ao mesmo tempo, o que impulsiona a semente a crescer e a tornar-se uma árvore.
O critério de autoridade de Aristóteles e o significado da sua obra foi tanto que a sua palavra e a sua opinião perduraram durante séculos como uma verdade reconhecida. Durante muito tempo, acreditou-se na geração espontânea. E não havia motivos para que tal não acontecesse, porque se deixarmos apodrecer um pedaço de carne, por exemplo, rapidamente ficará coberto de larvas. Que outras provas eram necessárias para acreditar?
A Geração Espontânea e a Enteléquia
“A enteléquia é, ao mesmo tempo, o que impulsiona a semente a crescer e a tornar-se uma árvore.”