Em geral, as pessoas não gostam que as tomem por parvas. Por isso a população da Guarda – da cidade, do concelho e da região – não pode estar satisfeita com a forma como o Governo de António Costa a tratou há dias quando destinou à Guarda apenas sete vagas para novos médicos. Escrevi bem: são apenas sete novos médicos para fazer face aos problemas de saúde da Covid-19, que irão persistir por longos e bons anos, e para recuperar os atrasos que, com a pandemia, se acumularam em quase todas as especialidades.
Ao distribuir 1.073 médicos pelo país, António Costa e a ministra da Saúde, Marta Temido, atribuíram 40 médicos a Castelo Branco, 28 médicos a Viseu e, apenas, sete (7) médicos à Guarda. Em época de eleições autárquicas, o racional parece ser dar muitos médicos às Câmaras do PS e poucos às Câmaras do PSD. É um critério… Mas é uma porcaria de um critério.
Sobretudo é um critério hipócrita e que, lá está, toma as pessoas da Guarda por parvas. O Governo socialista iniciou em 2019 uma operação de charme à cidade e à região elevando a ministras mulheres com origem no distrito – Ana Mendes Godinho e Ana Abrunhosa – e sediando na Guarda uma Secretaria de Estado, a da Ação Social. Como princípio, o PS não esteve mal – se há coisa que a Guarda precisa é de não continuar marginalizada pelo poder central.
O problema é que o funcionamento da Secretaria de Estado na cidade é meramente simbólico. O problema é que as ministras Ana Mendes Godinho e Ana Abrunhosa nada têm feito pela Guarda. O problema é que os dirigentes do Partido Socialista que dirigem a Unidade Local de Saúde (ULS) da Guarda em nada têm beneficiado o concelho e a região.
Resultado: sete médicos em 1.073. Não foi colocado qualquer médico nas especialidades de Pediatria, de Obstetrícia, de Radiologia, de Oftalmologia, de Cardiologia ou de Cirurgia na ULS da Guarda, apesar dos serviços estarem altamente deficitários e de só funcionarem graças à disponibilidade (que não é infinita) dos médicos existentes para continuarem a acumular horas extraordinárias.
Portanto, com estes comissários políticos não vamos lá. Razão tem o presidente da Câmara da Guarda em protestar e em envolver a Comunidade Intermunicipal das Beiras e Serra da Estrela nesse protesto. O problema é que Carlos Chaves Monteiro despertou tarde para a questão – devia ter falado antes, não se devia ter deixado enredar nas manobras de sedução de vários ministros.
As pessoas não gostam de ser tomadas por parvas. Os guardenses têm de deixar de ser passivos em relação a armadilhas políticas, venham elas de onde vierem!
O Governo toma os guardenses por parvos
Sobretudo é um critério hipócrita e que, lá está, toma as pessoas da Guarda por parvas.