Sociedade

Violência doméstica e sinistralidade rodoviária no topo das preocupações da GNR da Guarda

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Escrito por Efigénia Marques

Comando Territorial da Guarda assinalou 14º aniversário com a inauguração da nova entrada do quartel e uma cerimónia militar junto ao Jardim José de Lemos

Num distrito com níveis de criminalidade inferiores à média nacional é o problema da violência doméstica a principal preocupação do Comando Territorial da GNR da Guarda, que celebrou o Dia da Unidade na passada sexta-feira.
O coronel Luís Cunha Rasteiro, comandante do Comando guardense, chamou-lhe «chaga social» e «crime hediondo», que tem causado um «elevado número de mortos e feridos», tendo revelado que no último ano a GNR recebeu 300 denúncias de violência doméstica e deteve 46 indivíduos, que ficaram sujeitos a medidas de coação que vão da prisão preventiva ao afastamento das vítimas, controlado por pulseira eletrónica. Para combater este crime, o Comando Territorial implementou o Projeto IAVE, no âmbito do qual 25 militares das secções de inquérito dos postos territoriais do distrito receberam formação específica. São «uma primeira linha de intervenção, proteção e segurança, de atendimento, acompanhamento, apoio e de encaminhamento» das vítimas da violência doméstica, sublinhou o responsável. Um trabalho complementado pelo Núcleo de Investigação e Apoio a Vítimas Especificas (NIAVE), ao qual compete «a gestão do local do crime, a recolha dos meios de prova, a inquirição de testemunhas, a apreensão de objetos – designadamente armas», entre outras diligências.
A sinistralidade rodoviária é outro dos principais fatores «críticos de insegurança» no distrito da Guarda, segundo Cunha Rasteiro. «Bem sabemos que esta não se combate apenas com medidas policiais. É necessário envolver e fomentar a cooperação entre os diversos órgãos e entidades com responsabilidade na matéria. Mas é imperioso reprimir, sem concessões, as infrações que estão na génese da maior parte dos acidentes e, acima de tudo, é preciso encontrar formas legais e processuais que garantam a plena eficácia e oportunidade das sanções», defendeu o comandante do Comando Territorial da Guarda, segundo o qual a sinistralidade rodoviária é «uma responsabilidade» de toda a sociedade portuguesa. O oficial, que deverá passar à situação de reserva em breve, assumiu também preocupação com os dados dos últimos “Censos Sénior”, que sinalizaram 5.243 idosos a viver sozinhos e/ou isolados no distrito. Números que fazem da Guarda o segundo distrito do país, a seguir a Vila Real, com mais pessoas a viver nestas condições.
Um cenário que terá «tendência a aumentar durante os próximos anos, situação que nos preocupa e deve ser tratada com medidas especiais de proteção a todos os níveis», alertou Cunha Rasteiro. Nesse sentido, o Comando Territorial guardense inovou ao implementar desde fevereiro de 2020 o “eGuard”, um projeto de teleassistência a pessoas especialmente vulneráveis. «Leva não só segurança, mas também garante a manutenção da pessoa no seu meio ambiente com a utilização de um dispositivo eletrónico de apoio, que permite respostas no âmbito da prevenção e promoção da qualidade de vida ao combater os efeitos negativos das situações de isolamento e solidão, através de respostas integradas e das sinergias que cada parceiro poderá desenvolver». Em termos operacionais, a GNR da Guarda realizou 38 mil patrulhas – apeadas, motorizadas e em bicicleta, o que representa mais 20 por cento face a 2021 –, efetuou 885 detenções e apreendeu 59 armas.
O projeto “eGuard” mereceu elogios do ministro da Administração Interna. Presente na cerimónia, José Luís Carneiro reconheceu o «extraordinário trabalho» desenvolvido pela GNR guardense no apoio aos idosos através das novas tecnologias da informação. Para o governante, a cooperação entre o Comando Territorial, os municípios do distrito e a Agência de Desenvolvimento para a Sociedade de Informação e do Conhecimento (ADSI) «deve servir de exemplo» e é uma «iniciativa pioneira» que já abrange 138 pessoas.

MAI investe 4,5 milhões na melhoria de instalações da GNR

Na Guarda, o ministro da Administração Interna anunciou também os cerca de 4,5 milhões de euros previstos pela tutela para a melhoria das infraestruturas da GNR.
Mais de metade desse montante vai ser destinado à reabilitação e construção de raiz do Destacamento de Almeida, enquanto a requalificação do posto de Figueira de Castelo Rodrigo tem assegurados pouco mais de 1,3 milhões de euros. Já a beneficiação e ampliação do posto de Seia tem previsto um investimento da ordem do milhão de euros. Por último, a melhoria da carreira de tiro da Guarda contará com 67.500 euros. José Luís Carneiro lançou ainda um apelo aos autarcas para a preparação «atempada» dos planos municipais de defesa da floresta contra incêndios e de proteção civil. «Os próximos Verões ainda serão muito mais exigentes do que em 2022. A própria União Europeia tem apelado aos Estados-membros para um cuidado redobrado nesta preparação e, portanto, os autarcas têm que ter esses planos aprovados e atualizados e sensibilizar as populações para as limpezas que é necessário fazer na floresta, tendo em vista preparar, com tempo, o Verão que vem. É preciso muito esforço de cooperação entre os proprietários, as Juntas, as Câmaras Municipais, a GNR, o ICNF e o Ministério do Ambiente para nos prepararmos no Inverno para o próximo Verão, que será ainda mais exigente que o deste ano», sublinhou o governante.
O Dia da Unidade incluiu a condecoração do Comando Territorial da Guarda com a medalha de Serviços Distintos de Segurança Pública, grau ouro, a inauguração da nova entrada no quartel da GNR, obras realizadas com o apoio da autarquia, e da toponímia “Capitão Álvaro Camilo”, entre a Avenida Rainha D. Amélia e a Rua Eng. Adelino Amaro da Costa. À noite, a Banda Sinfónica da GNR deu um concerto no TMG.

 

Luís Martins

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Efigénia Marques

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