Sociedade

Vinho voltou a ser o rei do fim-de-semana na Guarda

Img 2406
Escrito por Sofia Pereira

Estiveram presentes expositores da Beira Interior, Dão, Douro e da Bairrada, e a maioria promete voltar

O Guarda Wine Fest voltou a atrair visitantes à cidade mais alta. Na Alameda de Santo André estiveram «cerca de 50 produtores» de vinho, muitos dos quais participam «desde a primeira edição» e, segundo o presidente da Comissão Vitivinícola Regional da Beira Interior (CVRBI), «prometem voltar nos próximos anos».
O certame «está a crescer em termos de visitantes», principalmente nos dois primeiros dias, com muitos «espanhóis», numa iniciativa que é já uma «marca da região e tem tudo para crescer de forma sustentada», considera Rodolfo Queirós. Além disso, foi um fim de semana em cheio para a «restauração e hotelaria da Guarda, que estiveram com altos níveis de ocupação». No concelho já há «dois produtores, o Avelanez e o Ethos, bem como a Cooperativa Beira Serra, cuja área de influência abrange parte da freguesia da Guarda», refere o responsável, adiantando que na região guardense há mais de «400 hectares de vinha, ou seja, 400 campos de futebol». Apesar de a Guarda não ter o peso vitivinícola que tem «Figueira de Castelo Rodrigo, Pinhel, Belmonte ou o Fundão, tem uma centralidade importante, e como capital de distrito fizemos este evento para agregar as três regiões: Beira Interior, Dão e Douro, e o sentimento dos expositores é muito positivo», sublinha Rodolfo Queirós.
Questionado sobre o nível das produções, Rodolfo Queirós explica que a «conjuntura global e portuguesa não é a mais favorável», principalmente com a pandemia e as duas guerras que «não contribuem para que a venda dos vinhos seja como há oito ou dez anos». Por isso mesmo, a CVRBI está a «tentar diversificar o mercado e a trabalhar com o Ministério da Agricultura para arranjar medidas adequadas para esta conjuntura», uma vez que a agricultura e a viticultura são «fundamentais para grande parte dos concelhos desta região», afirma o presidente da CVRBI. Rodolfo Queirós olha para o futuro com «esperança», principalmente por ver uma «nova geração de enólogos, técnicos e comerciantes jovens» que são essenciais para «garantir a qualidade e ter gente que trabalhe nesta região».
A grande maioria dos expositores elogiou o certame. Duarte Gonçalves, dos vinhos Quinta da Giesta, marcou presença no Guarda Wine Fest pela primeira vez, mas garante que «é para voltar». O produtor considerou o certame «interessante pelo número de participantes com muita curiosidade em conhecer os vinhos». Também Ana Mourinho, dos vinhos CARM, faz um balanço «positivo» desta edição. «Houve muitas provas e muitas perguntas», sendo de destacar a presença de «muitos estrangeiros e bastantes jovens para experimentar o vinho». O produtor dos vinhos Móos, João Gonçalves, é natural desta região e sente que é uma iniciativa diferenciadora porque «chego mais perto das pessoas». Os seus vinhos são de uma gama «média alta do Douro» e o objetivo não foi «vender uma garrafa, mas sim que as pessoas conheçam os vinhos Móos e que os apreciem». João Gonçalves aproveita para comparar o Guarda Wine Fest com outros certames ligados ao vinho e nota que «o espaço e a maneira como está elaborado foi uma evolução muito boa», destacando também o jazz, que é uma «música que as pessoas apreciam e que nos permite falar uns com os outros sem levantar a voz».
Em representação dos vinhos do Douro esteve na Guarda José Carlos Corte Real, produtor do vinho Villarouco. Disse a O INTERIOR que gostou do «ambiente e do aparato» e que neste fim-de-semana fez «boas vendas». O produtor notou apenas «uma lacuna»: «Os visitantes deviam pagar um preço simbólico por cada taça de vinho» porque seria uma forma de «ajudar mais os produtores», uma vez que o cenário «não está bom para ninguém», justifica. E conclui sugerindo à Câmara da Guarda e à CVRBI que nas próximas edições convidem a estar presentes «produtores de queijo Serra da Estrela», que é uma iguaria que «casa muito bem com o vinho – o queijo Serra da Estrela, um bom presunto e pão caseiro», acrescenta.
Mas tanto quem veio provar o vinho, como quem o produz, precisam de acessórios. A empresa Coutale é responsável por criar e distribuir acessórios e o seu saca-rolhas é o «mais procurado e, modéstia à parte, dura anos». Artur Jorge Pereira esteve no Guarda Wine Fest pela primeira vez e caracteriza-o como um evento «descontraído, elegante, sem stress e bem organizado».

Sobre o autor

Sofia Pereira

Leave a Reply