A contestação chegou por parte de um grupo de empresários do concelho que fala em «incongruências do processo de locação do estabelecimento “O Verdinho”, assim como das obras em curso». Numa carta enviada às redações os contestatários questionam a «autorização de utilização do quiosque, ou seja, ao uso que se pretende exercer naquele espaço», bem como a «volumetria da obra, que ultrapassa a prevista no concurso e que aponta por isso para um incumprimento das condições contratuais». Os comerciantes consideram ainda que, dada a «proximidade à Igreja da Misericórdia», a obra «carece de parecer por parte da Direção Regional de Cultura do Centro». Na mesma carta pode ler-se também que a autarquia deve «rescindir de imediato o contrato com o locatário» caso se confirmem os incumprimentos.
Já no passado dia 21 de dezembro, o empresário José Manuel Correia tinha manifestado em reunião pública do executivo a sua insatisfação relativamente aos trabalhos a decorrer, alertando que os mesmos não correspondem aos anunciados no aviso do concurso de concessão. A José Manuel Correia foi explicado que a autorização de utilização para o quiosque “O Verdinho” é de Restauração e Bebidas, no entanto, o empresário lembra que na minuta das Condições Gerais de locação é referido que o espaço se destina «desde Comércio de Bebidas, sem lugar a preparação de refeições – contrariamente ao referido na reunião como Restauração –, até a produtos regionais e de merchandising turístico, que é claramente um uso de Comércio». Situação que o comerciante considera ser «muito diferente da utilização que o quiosque teve nos últimos anos como “snack-bar”».
Caso esta alteração se verifique, está sujeita a parecer favorável da Direção Regional de Cultura do Centro e da Autoridade Regional de Saúde. O empresário diz por isso que «estão a ser violadas as condições contratuais» e que cabe à autarquia «fiscalizar», no entanto, denuncia, «a obra continua a avançar, com o conhecimento e com a conivência do município da Covilhã». Na última reunião do executivo, o presidente da Câmara, Vítor Pereira, explicou que «não se trata de nenhum supermercado, de nenhuma grande superfície, nem de nenhum restaurante. É apenas um conceito novo e que está dentro dos parâmetros do concurso e daquilo que foi legalmente deliberado». O autarca prometeu «uma lufada de ar fresco para o centro histórico da cidade», mas José Manuel Correia alega que as respostas dadas por parte do município «foram contraditórias e inconclusivas».
Encerrado há vários meses, o emblemático espaço localizado na Praça do Município deverá reabrir no início deste ano com nova gerência e renovado. Segundo explicou o autarca covilhanense aquando do início das obras, a esplanada vai ser fechada e, para além de café e pastelaria, o espaço ganhará uma área dedicada à gastronomia e à venda de produtos tradicionais endógenos. A nova concessão do “Verdinho” tem a duração de cinco anos, renováveis por igual período, sendo que as obras, que podem chegar aos 120 mil euros, ficaram a cargo da empresa à qual foi entregue a exploração (Casa Quintela, da Atalaia do Campo, no Fundão), que terá ainda de pagar uma renda mensal que ronda 500 euros.
“Verdinho” gera polémica
O famoso café “Verdinho” instalado no centro da Covilhã está a gerar polémica. Em causa estão as obras de remodelação iniciadas em dezembro, depois do espaço ter sido concessionado pela Câmara à Casa Quintela – Produtora de Presuntos e Enchidos da Cova da Beira.