Sociedade

ULS da Guarda recebe 22 milhões de euros do PRR

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Escrito por Efigénia Marques

Requalificação de edifícios do Parque da Saúde e de centros de saúde são os principais projetos contemplados pelos fundos comunitários

A Unidade Local de Saúde (ULS) da Guarda viu aprovadas 15 candidaturas ao Plano de Recuperação e Resiliência (PRR). Entre o Parque da Saúde e os Centros de Saúde do distrito serão investidos cerca de 22 milhões de euros.
Em entrevista a O INTERIOR, João Barranca, presidente do Conselho de Administração (CA) da ULS guardense, revela que «vamos reerguer a maior parte dos edifícios históricos do Parque da Saúde, caso do Pavilhão Rainha D. Amélia – cujo financiamento ainda não está garantido –, que, como é o ex-libris da cidade, vai ser o Centro de Investigação e o Centro Avançado do Envelhecimento. O Pavilhão António de Lencastre, que já tem financiamento garantido vai ser o Centro de Saúde». Também o Edifício 1 será intervencionado, «mas não para já, porque para o Hospital funcionar diariamente, sem constrangimentos, não podemos colocá-lo todo em obras. Por isso, iremos terminar a obra do Pavilhão 5 e depois avançaremos para o Pavilhão 1», garante o gestor hospitalar.
Os cuidados de saúde primários são também uma prioridade da atual administração da ULS e, por isso, «todos os nossos Centros de Saúde vão ser reabilitados e reforçados», revela João Barranca. «Devemos apostar nos cuidados de saúde primários porque, hoje em dia, numa altura em que se fala tanto no “entupimento” das Urgências, são eles a porta de entrada das populações para os cuidados de saúde. E a pensar nisso nós consideramos aqui um grande reforço para todos os nossos Centros de Saúde (ver tabela). Temos também a medicina oral, aqui já estrategicamente distribuída pela nossa área, e depois pensamos numa reabilitação dos edifícios, porque precisam. As pessoas precisam de ter algum conforto quando vão a estas unidades», considera o presidente do CA da ULS.
Quanto ao funcionamento do Hospital Sousa Martins e a presença de especialistas em número suficiente, João Barranca também fez uma retrospetiva. No serviço de Cardiologia existem «apenas dois especialistas», na Ortopedia «temos quatro do quadro, mas temos mais profissionais a trabalhar connosco. Infelizmente, a Ortopedia é uma daquelas especialidades onde não temos conseguido, ainda, angariar profissionais. Posso dizer que é um dos nossos maiores “calcanhares de Aquiles”. O distrito da Guarda é dos distritos mais envelhecidos do país, o nosso maior problema e, contrariamente ao que está atualmente, deveria ser a nossa melhor especialidade para conseguirmos dar à população os cuidados de saúde que tanto necessita. E neste momento nós não conseguimos ainda reter profissionais para Ortopedia, temos tentado através de medidas que nos são dadas pela tutela, seja pela atribuição de vaga carenciada, mas ainda não conseguimos fixar profissionais nesta especialidade», lamenta o administrador empossado em novembro de 2020.
Gastroenterologia também não especialistas neste momento no quadro hospitalar e na Oftalmologia «temos um médico no quadro e outro que vem dois dias ou mais consoante as necessidades». Na Urologia «só há médicos contratados, são todos prestadores de serviços», lembra João Barranca. Já na Obstetrícia a maior parte dos profissionais do quadro têm mais de 60 anos, «ou seja, dentro de pouco tempo vão reformar-se. É necessário começar a fazer uma renovação do quadro de pessoal. Neste momento, com muito esforço por parte destes profissionais, temos conseguido garantir o cumprimento de todas as escalas», elogia o responsável. E com a reabilitação – em curso – do Pavilhão 5, para acolher o Departamento da Criança e da Mulher, «nós queremos que a Pediatria e a Obstetrícia na Guarda sejam uma referência no interior, mas para isso necessitamos de um número de profissionais que nos consigam garantir uma utilização de serviço diária sem falhas», reconhece.
Questionado sobre o futuro da maternidade da Guarda, João Barranca considera «impossível» que alguém «esteja em Foz Côa ou em Almeida e que, para ter a sua criança, tenha de se deslocar à Covilhã ou Castelo Branco. Isso para mim é impensável. No distrito da Guarda deve existir uma maternidade. Todas as mulheres deste distrito têm direito de ter os seus filhos na Guarda», defende. Na existência de médicos especialistas em prestação de serviços ou nos quadros hospitalares «neste momento não há nenhuma diferença», para além da «segurança e estabilidade que os profissionais têm. Em termos de qualidade na prestação de serviço, acho que não há diferença».
Porém a atração de médicos para a ULS da Guarda tem sido um dos problemas que o Conselho de Administração enfrenta diariamente. «Isto é um problema geral, não é só a Guarda que não consegue. Todo o interior tem de desenvolver algum mecanismo para criar essa atratividade. As pessoas devem ter noção que a ULS da Guarda e o seu Conselho da Administração não têm autonomia financeira para propor aos médicos determinadas condições. Essas condições estão estabelecidas por lei. Nós recebemos com braços abertos todos os médicos, mas as condições financeiras que são pagas na ULS da Guarda são exatamente as mesmas que são dadas noutras instituições aqui bem perto de nós. Já recebemos profissionais de outras regiões, que vieram por razões familiares e, infelizmente, também tivemos de ceder alguns para outros hospitais exatamente pelas mesmas razões», relata o presidente da ULS guardense.
Também a falta de médicos de família na região é outro problema de âmbito nacional. «Temos trabalhado para conseguir que toda a nossa população tenha médico de família e é para isso que estamos a trabalhar. É para isso que entraram os jovens profissionais e é para isso que criamos as Unidades de Saúde Familiar (USF). São estes projetos que atraem profissionais. Os novos médicos sentem-se atraídos pela dinâmica da USF, já não gostam daquela mentalidade do Centro de Saúde de antigamente, eles preferem esta nova dinâmica», admite João Barranca.

Tabela

Conselho de Administração não sabe se vai ser reconduzido

A chegar ao fim o período de três anos do mandato do Conselho de Administração composto por João Barranca, Fátima Cabral, António Serra, Nélia Faria e José Monteiro, o presidente em funções revela que «a tutela ainda não nos contactou». Mas garante que a prioridade do CA é «pôr no terreno o que temos estado a trabalhar, portanto, agora começa a aparecer o trabalho visível, mas houve muito trabalho que não estava visível. Neste momento chegou a hora de revelar esse trabalho e é para isso que estamos empenhados e trabalhamos. Queremos deixar estas condições e estes melhoramentos a toda a população. Seja comigo, seja com outro Conselho de Administração, eu acho que isso não importa. Nós estamos aqui para trabalhar», sublinha o presidente do CA da ULS guardense.

Carina Fernandes

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Efigénia Marques

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1 comentário

  • Será para pagar os carros elétricos que andaram a a distribuir pelos centros de saúde e agora estão parados por faltas de documentação e papel(€) ?
    Ou para resolver os outros buracos que criaram por incúria?
    Parece que há serviços a funcionar sem licença em dia.
    Mais do mesmo o habitual naquela casa