Sociedade

Presidente do Conselho Sub-Regional da Ordem dos Médicos critica «passividade da tutela» nas urgências do Hospital da Guarda

Escrito por Efigénia Marques

A reunião da semana passada entre os sindicatos médicos e o Ministério da Saúde terminou sem acordo. As estruturas representativas dos clínicos continuam a reclamar a aplicação do horário das 35 horas semanais e aumentos salariais que «não impliquem discriminação» entre os médicos. Já o ministro da Saúde mantém o otimismo nas negociações, mas não esclareceu se o Governo estará disposto a alargar o regime das 35 horas semanais a todos os médicos.
Esta sexta-feira haverá nova reunião onde os sindicatos ficaram de apresentar contrapropostas. Ou seja, após nova ronda de negociações, que durou várias horas, ficou praticamente tudo na mesma. Na sequência desta problemática que vem afetando os serviços de urgência de muitos hospitais, entre eles, o Hospital Sousa Martins na Guarda, o médico João Pedro Silva, presidente do Conselho Sub-Regional da Guarda da Ordem dos Médicos, foi o convidado da Grande Entrevista, na Rádio Altitude. O constrangimento nas Urgências, pela recusa dos médicos em fazer mais horas extraordinárias, foi assunto obrigatório na conversa. Se a situação não for resolvida rapidamente, João Pedro Silva estima que os próximos tempos sejam «ainda mais difíceis», tendo em conta o que tem acontecido nos últimos fins de semana, «sem medicina de urgência às sextas, sábados e domingos» e no caso de doentes a necessitar de vigilância «terão de ser transferidos para outras unidades de saúde vizinhas».
João Pedro Silva considera que «a especialidade de medicina interna, numa região com um forte índice de envelhecimento, é a especialidade que melhor resposta dá aos utentes» e por isso, realça que o facto de «não existir essa especialidade durante três dias em cada semana é problemático» e critica a «passividade da tutela» em aceitar que uma situação como esta aconteça num hospital distrital. O dirigente do Conselho Sub-Regional da Guarda da Ordem dos Médicos alerta para o agravamento dos constrangimentos já no mês de novembro, em que «pode não haver resposta a doentes pediátricos, cirurgias de urgência, etc.». Tendo em conta as temperaturas baixas «já começa a sentir-se uma maior procura dos cuidados de saúde ao nível das doenças respiratórias com uma maior afluência às urgências» e, nas próximas semanas pode ser «o caos» porque os outros hospitais «também sentem essa afluência, própria desta altura do ano», sublinha João Pedro Silva.
Questionado se está otimista relativamente a uma solução nas próximas rondas negociais, o médico responde que «o meu otimismo na saúde em Portugal morreu a 1 de outubro, quando não houve a preocupação por parte da tutela em garantir que o Hospital da Guarda não chegasse ao ponto que chegou, sem medicina interna na urgência». A terminar, o presidente do Conselho Sub-Regional da Guarda da Ordem dos Médicos salienta que «o direito à vida está na Constituição portuguesa e quando a Constituição falha, o Presidente da República deve entrar em ação».

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Efigénia Marques

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