Sociedade

Posto médico de Unhais da Serra em avançado estado de degradação

Escrito por Sofia Craveiro

Infiltrações de água, falta de aquecimento adequado, teto a ruir e soalho descolado são alguns dos problemas que afetam o edifício onde são prestados cuidados médicos a cerca de 1.200 utentes. O ACES Cova da Beira adianta que as obras deverão começar «dentro de dois meses».

Construído há aproximadamente 50 anos, o edifício da extensão de saúde de Unhais da Serra (Covilhã) é utilizado por cerca de 1.200 utentes e está em avançado estado de degradação. Ao entrar, é imediatamente visível a infiltração que está a fazer com que o revestimento do teto esteja a cair aos bocados, um cenário que se repete nas várias salas do posto. Da janela de atendimento observa-se o chão irregular, onde o soalho descolado deixa ver o cimento da placa aqui e ali, situação comum à sala de espera. Não há climatização, apenas alguns radiadores elétricos que, no Inverno não aquecem as salas de espera, o secretariado e os gabinetes médicos e de enfermagem.

José António Guerreiro, presidente da Junta de Freguesia, adianta que o posto médico da vila «nunca sofreu obras de requalificação desde que foi construído, em meados dos anos 70». O autarca admite que «na época, era provavelmente um dos melhores do distrito de Castelo Branco, mas neste momento está nesta situação lamentável». Na sequência da decisão do Governo de transferir a responsabilidade das extensões de saúde para as autarquias (lei aprovada em julho de 2018), José António Guerreiro refere que «a Câmara da Covilhã já nos pediu informações acerca do estado atual do posto médico», contudo «não poderá realizar qualquer intervenção até ser concretizada a delegação de competências». Sobre esta transferência de poderes o edil acrescenta que «se a autarquia não aceitar a delegação de competências terão de ser as entidades responsáveis da área da saúde a intervir», pois a Junta de Freguesia «não possui capacidades financeiras para realizar as obras necessárias no edifício», que estima serem «algumas dezenas de milhares de euros».

Atualmente, a entidade responsável por esta extensão de saúde é o ACES (Agrupamento de Centros de Saúde) Cova da Beira, que confirmou a O INTERIOR ter conhecimento do estado de degradação do imóvel. O seu diretor executivo, Manuel Geraldes, revela estar planeada uma intervenção «para reabilitação da cobertura/ isolamento do edifício, estando já assegurado o respetivo cabimento orçamental». O responsável explica que estes trabalhos exteriores «apenas são possíveis de concretizar com boas condições climatéricas» e adianta que «está também planeada a reabilitação dos pavimentos interiores após a conclusão dos trabalhos na cobertura». Já o início dos trabalhos deverá ocorrer «dentro de dois meses, de acordo com informação disponível do Departamento de Instalações e Equipamentos da ARS Centro», confirma Manuel Geraldes.

Até lá, o descontentamento dos utentes unhaenses pela falta de condições da extensão de saúde é generalizado. Luísa Januário, de 60 anos, relata que «no Inverno chove cá dentro. O edifício não tem condições nenhumas e está em péssimo estado». Já Maria Helena Freire, de 61 anos, sublinha os perigos daquelas instalações para a população mais idosa: «A minha mãe, quando vem a alguma consulta aqui, por vezes tropeça no chão, que está completamente descolado. É uma vergonha o estado em que isto está», critica a utente. O mesmo sentimento é partilhado por Augusto Viegas Lopes, de 71 anos, para quem «o estado do edifício afeta o serviço a todos os utentes. Está muito degradado, o teto está todo a cair…». A qualidade dos serviços de saúde prestados é uma questão também mencionada pelo responsável do ACES Cova da Beira. Manuel Geraldes ressalva que, «atendendo a que o edifício tem condições e espaços considerados sobredimensionados para as atuais necessidades, o ACES Cova da Beira tem procurado encontrar, dentro das instalações, soluções que minimizem o impacto na prestação de cuidados».

Sofia Craveiro

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