É mais um alerta da Secção Regional do Centro da Ordem dos Médicos (SRCOM) para as «graves consequências» da falta de nomeação de vários diretores de serviço da Unidade Local de Saúde (ULS) da Guarda.
A situação que «se arrasta há demasiado tempo» já foi comunicada à ministra da Saúde, Marta Temido. Segundo a SRCOM, há «múltiplos casos de atrasos incompreensíveis» no Hospital Sousa Martins, na Guarda, como é o caso dos serviços de Pneumologia, Dermatologia, Medicina Física e Reabilitação, Medicina Interna, Otorrinolaringologia, Reumatologia e Neurologia, cujos diretores estão em funções desde 2017 e não «há conhecimento, até ao momento, da abertura de procedimento concursal para os mesmos», lê-se num comunicado enviado a O INTERIOR. A Secção Regional do Centro da Ordem dos Médicos acrescenta que o diretor da Ginecologia/Obstetrícia terminará funções em 2022 e, «segundo informação prestada, já terá solicitado a aposentação».
Na Psiquiatria, «devido a aposentação do diretor de serviço, foi nomeado pelo Conselho de Administração um assistente graduado sénior para desempenho “interino” daquelas funções. Sem recurso a qualquer tipo de procedimento administrativo», refere a Ordem. Segundo a SRCOM, alguns concursos abertos estão a «aguardar resolução», nomeadamente Anestesiologia (sem candidatos), Cardiologia (dois concorrentes), Pediatria (dois concorrentes), Medicina Intensiva (dois concorrentes), Ortopedia (sem candidatos), Cirurgia (dois concorrentes) e Oftalmologia (um concorrente). Ao todo, há 16 serviços hospitalares da ULS «com atrasos incompreensíveis nas nomeações dos diretores», contabiliza a Ordem, adiantando que daí resulta «falta de planeamento dos cuidados de saúde a levar a cabo aos utentes, indefinição da organização na prestação de cuidados de saúde, entre muitas outras competências e atribuições inerentes a este cargo».
«Mais grave, ainda, é perpetuar situações de serviços sem diretores nomeados da própria especialidade médica, o que tem causado graves dificuldades no desenvolvimento do serviço, como a Oftalmologia ou Ortopedia», avisa a Secção Regional da Ordem dos Médicos, considerando que estas situações configuram «um desleixo preocupante que contribui para um clima de descontentamento e instabilidade« da instituição. Confrontada com esta missiva, o Conselho de Administração da ULS guardense respondeu que 15 diretores de serviço na área hospitalar exercem «as normais funções» nos serviços de Pneumologia, Dermatologia, Medicina Física e Reabilitação, Medicina Interna, Otorrinolaringologia, Reumatologia, Neurologia, Psiquiatria, Ginecologia/Obstetrícia, Anestesiologia, Cardiologia, Pediatria, Medicina Intensiva, Ortopedia e Cirurgia.
Em Anestesiologia e Ortopedia os concursos ficaram desertos, tendo a direção sido assumida pela diretora clínica, estando a decorrer procedimentos para diretor de departamento. Na Cardiologia concorreram dois candidatos e o procedimento está em fase de análise curricular, tal como como na Pediatria, Medicina Intensiva e Cirurgia. Para a direção de Oftalmologia concorreu um clínico, estando em curso a análise curricular, sendo que «após demissão e rescisão de contrato, o serviço é coordenado pela direção clínica».
A ULS da Guarda adianta ainda que estão a decorrer procedimentos para a a direção dos Departamentos de Medicina (concurso ficou deserto) e de Cirurgia (dois candidatos, em fase de análise curricular). Por sua vez, o diretor do Departamento de Saúde da Mulher e da Criança foi nomeado a 29 de dezembro de 2021.
Ordem dos Médicos denuncia «atrasos incompreensíveis» na nomeação de diretores de serviço na ULS da Guarda
Secção Regional do Centro da Ordem dos Médicos já alertou ministra da Saúde para as «graves consequências» na prestação de cuidados de saúde