Sociedade

Oficiais de justiça do distrito em protesto na Guarda

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Escrito por Sofia Pereira

Vão abrir 200 vagas para oficiais de justiça, mas o presidente do sindicato critica que «um jovem guardense não vai para Lisboa ganhar 800 euros e pagar 500 ou 600 de casa»

«Costa, escuta, os oficiais de justiça estão em luta! Justiça! Justiça! Justiça!». Foram algumas das palavras de ordem que se fizeram ouvir à porta do Tribunal da Guarda na manhã da passada sexta-feira, dia em que os oficiais de justiça do distrito estiveram uma vez mais em protesto na Comarca guardense.
Ao Governo pediram a «criação de um juízo de Instrução Criminal; o preenchimento de todos os lugares do quadro de Oficiais de Justiça; a execução de obras de manutenção, conservação e melhoria de instalações para fazer face à enorme carência de espaços no Palácio de Justiça da Guarda, e a justa remuneração dos funcionários». Além dos trabalhadores dos tribunais do distrito, no protesto esteve o presidente do Sindicato dos Funcionários Judiciais, António Marçal, que sublinhou que «têm de ser tomadas medidas imediatamente», como a «integração do suplemento, que já foi prometida por António Costa (à altura Ministro da Justiça) e toda a gente entende que as nossas reivindicações são justas e razoáveis».
Numa altura em que o primeiro-ministro «fala da Agenda para o Trabalho Digno como uma vitória deste Governo», António Marçal questionou «onde está a dignidade de obrigar estes homens e mulheres a trabalhar fora de horas sem lhes pagar um único cêntimo a mais… quando muitas vezes fazem uma jornada de trabalho depois da jornada normal». Dirigindo-se à ministra da Justiça, Catarina Sarmento e Castro, o presidente do Sindicato dos Funcionários Judiciais considerou uma «pena que uma antiga juíza do Tribunal Constitucional tenha uma postura de completo desrespeito por algo que está consagrado na constituição – que é a justa remuneração para quem trabalha». António Marçal levantou outro problema: a Comarca da Guarda é a que apresenta o «maior número de funcionários próximos da reforma», pelo que, dentro de uns anos, «corremos o risco de não ter capacidade de manter em funcionamento muitos dos núcleos do distrito».
Na sua opinião, é necessário «preencher os quadros e contratar novos oficiais de justiça». A ministra da Justiça anunciou 200 novas vagas para oficiais de justiça, mas António Marçal lembrou que «um jovem guardense não vai trabalhar para Lisboa a ganhar 804 euros, quando uma casa lhe vai custar entre 500 a 600 euros». Estão em causa «milhares de processos em todo o país pela falta de oficiais de justiça e é toda esta falta de estratégia e investimento na justiça» que leva o sindicalista a questionar «o que move o poder político dos sucessivos Governos contra a justiça ou contra a falta dela? Será que a ideia é privatizá-la? É privar os cidadãos do pilar fundamental da democracia?».
As questões do presidente do Sindicato dos Funcionários Judiciais ficaram sem resposta e foram abafadas pelas frases dos funcionários em protesto: «Catarina, onde estás? Os oficiais de justiça estão em luta! Catarina, onde estás? Os oficiais de justiça estão em luta!».

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Sofia Pereira

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