Os despedimentos previstos na Dura Automotive de Vila Cortês do Mondego (Guarda) estão suspensos até novas ordens da multinacional norte-americana. Mas desengane-se quem pensar que esta é uma boa notícia, pois a empresa invocou o Capítulo 11 da Lei de Falências nos Estados Unidos e está à venda. O novo dono do fabricante de componentes para automóveis terá de ser encontrado até ao final deste mês e será ele que vai decidir o futuro da unidade do concelho da Guarda.
O cenário foi confirmado a O INTERIOR pela Comissão de Trabalhadores da Dura. «Como está a decorrer o Capítulo 11, o cenário de despedimentos ficou para já suspenso e só depois da venda o novo Grupo poderá tomar, ou não, essa iniciativa», referem os representantes dos funcionários numa resposta escrita. Recorrer ao Capítulo 11 implica o reconhecimento de dificuldades financeiras, mas garante à empresa a proteção dos credores e permite-lhe continuar a funcionar até chegar a um acordo para viabilizar o negócio e o pagamento das suas dívidas. Trata-se de um procedimento supervisionado por um tribunal. No caso da Dura, o Capítulo 11 foi invocado em outubro de 2019, tendo sido assumido pela administração da multinacional um prazo de quatro meses para vender os seus ativos e negócios.
Por cá, a fábrica de Vila Cortês do Mondego está a laborar, mas «aproximadamente 60 a 70 trabalhadores não têm trabalho e para os manter ocupados a empresa está a dar formações», adianta a Comissão. Contudo, a incógnita quanto ao futuro da unidade é cada vez maior, não havendo neste momento certezas, nem garantias, sobre a sua continuidade. Em outubro tinha ficado decidido que, em 2020, a Dura iria despedir 66 dos 157 trabalhadores, não tendo sido ainda definidos os critérios para a seleção dos funcionários a dispensar, nem datas limite. Na altura a multinacional assumiu ainda que se manteria no concelho da Guarda por mais dois anos (2020 e 2021), mas exigido como contrapartida o congelamento dos salários dos trabalhadores que iriam continuar e o fim dos prémios de produção.
A situação da Dura Automotive sofreu um forte declínio com o fim das encomendas da Boco, um fornecedor da Mercedes, que anunciou a cessação do contrato com a fábrica a 31 de agosto. A saída deste cliente pôs em causa a continuidade da unidade de Vila Cortês do Mondego já que era o responsável por cerca de 50 por cento da sua faturação. A empresa labora desde a década de 90 do século passado nas instalações da antiga FEMSA, tendo chegado a empregar mais de 200 pessoas.
Novo dono vai decidir futuro da Dura Automotive
Despedimento de 66 trabalhadores em Vila Cortês do Mondego está suspenso até à conclusão da venda da multinacional no âmbito de um processo de insolvência apresentado nos Estados Unidos