Sociedade

Município da Guarda cria Comissão de Honra para comemorações dos 50 anos do 25 de abril

Abril
Escrito por Efigénia Marques

Estrutura tomou posse na sessão solene dos 48 anos da Revolução, na passada segunda-feira

As comemorações dos 48 anos do 25 de Abril na cidade da Guarda realizaram-se esta segunda-feira, mais uma vez com pompa e circunstância. Começaram com o hastear da bandeira, na Praça do Município, seguindo-se a habitual sessão solene comemorativa nos Paços do Concelho.
Foi precisamente nesta sessão que o presidente da Câmara da Guarda, Sérgio Costa, anunciou a criação de uma Comissão de Honra e de uma Comissão Executiva para as comemorações dos 50 anos do 25 de abril de 1974, a realizar em 2024. A Comissão é composta por mais de 70 personalidades guardenses representantes dos mais diversos ramos e entidades, como antigos presidentes da Câmara e Assembleia Municipal da Guarda. «Decidimos iniciar já este ano as comemorações dos 50 anos do 25 de abril com a criação da Comissão de Honra e a Comissão Executiva com mais de 70 personalidades e representantes de instituições da nossa Guarda. Uma Comissão de Honra e uma Comissão Executiva plural, participativa, democrática que respeita todos e todos incluiu. Agradecemos a todas e a todos terem aceite o convite para se associarem desta forma aos 50 anos do 25 de abril, sem olhar para ideologias ou partidos, quisemos agregar sob a bandeira de abril toda a diversidade da sociedade guardense», refere Sérgio Costa.
O autarca guardense aproveitou também o momento solene para fazer um balanço dos seis meses de governação: «fizemos um trabalho de formiga, por vezes pouco visível, mas trabalhámos incansavelmente organizando a casa que é de todos nós. Fomos eleitos para trabalhar, é isso que estamos a fazer». E a recente aprovação da transferência de competências para as freguesias, é na perspetiva de Sérgio Costa, um exemplo de democracia. «Falámos com todas as juntas de freguesia, olhos nos olhos e por cima da mesa, e tratámos todas com equidade e com o respeito que merecem. E por isso, vamos transferir as verbas já anunciadas de cerca de um milhão de euros para as nossas freguesias todos os anos, pois na Guarda as juntas de freguesia deixaram de ser o parente pobre da democracia portuguesa e vão ter meios financeiros sem ter de prestar qualquer tipo de vassalagem e dever qualquer tipo de favor. Somos e queremos ser um exemplo a nível nacional», remata Sérgio Costa.
A cerimónia solene ficou ainda marcada pela intervenção de diversos jovens da cidade. José Relva, presidente da Assembleia Municipal da Guarda, dirigiu-se a eles, dizendo que o seu tempo de juventude «era o tempo, meus caros alunos, em que a minha geração nunca pôde intervir numa cerimónia como esta em que ides intervir, mas e citando Manuel Alegre: “há sempre alguém que resiste, há sempre alguém que diz não”, e há 48 anos neste mesmo dia, houve alguém que disse não, e por isso aqui estamos».
Manuel Henrique, presidente da associação de estudantes do Agrupamento de Escolas da Sé, explica que como viveu a vida toda em democracia, é difícil imaginar outro cenário: «depois de viver 18 anos em plena democracia, é-me extremamente difícil imaginar não poder beber café com os meus amigos, ouvir as músicas que gosto, ler os livros que quero e acima de tudo, ter uma opinião política que envolve o meu país». Já Maria Barros, presidente da associação de estudantes do Agrupamento de Escolas Afonso de Albuquerque, descodificou o conceito de liberdade, ao afirmar que «só se sente livre aquele que liberta os outros, celebrar o 25 de abril significa, portanto, reabilitar, sentir que fazemos parte dos outros, empenharmo-nos na requalificação fraterna da vida comum».
João Pedro Fernandes, representante dos alunos da EnsiGuarda, apela por mais investimento na educação: «Mudam-se os tempos, queiramos a vontade política de fazer da educação e da formação profissional, bandeira de uma luta que levará os nossos destinos mais longe, garantindo entre outras oportunidades empregos qualificados, dignos e remunerados que concretizem o indivíduo pessoal e profissionalmente». Também Gil Freire, representante dos estudantes do Politécnico da Guarda, aborda o tema da educação dizendo que «nós jovens e estudantes, não teríamos as oportunidades que temos hoje se não fosse pelo 25 de abril, onde estudar não era para todos, a igualdade de género era mitológica, traduzindo-se assim numa desigualdade de oportunidades, por isso, nós jovens, nós estudantes só temos de estar gratos e tudo fazer para nunca perdermos este tesouro recuperado há 48 anos».
Ana Raquel Ventura, presidente da federação de associações juvenis do distrito da Guarda, deixa um apelo ao Governo: «nós devemos lutar e defender a nossa liberdade todos os dias, como jovem residente no interior do meu país, vejo-me por vezes desiludida e frustrada com a qualidade da democracia, a insuficiência de emprego e o aumento das desigualdades, nomeadamente entre o litoral e o interior e com isto penso também ter, de certa forma, a minha liberdade limitada, a liberdade de querer e poder viver no interior do meu país, sem ter de afastar essa ideia por falta de emprego ou acesso a serviços essenciais». Já Ana Filipa Teixeira, representante do grupo de jovens Kaire Ictus da Guarda, explica que «hoje percebemos a importância do 25 de abril pela a liberdade de expressão que é tão visível hoje em dia, principalmente nas redes sociais, que tanto nós jovens, como menos jovens podemo-nos expressar da maneira que queremos. A liberdade de expressão é uma das maiores marcas do 25 de abril, o fim do lápis azul e o início da opinião que cada um de nós pode dar».
A sessão solene dos 48 anos do 25 de abril, por parte do município, contaram ainda com a inauguração de duas exposições da autoria de alunos do concelho.

 

Daniel Vendeiro, Segura Fernandes e Norberto Gonçalves homenageados pelo município da Guarda

Inseridas nas comemorações que a Câmara da Guarda planeou para os 48 anos do 25 de abril foram descerradas três placas toponímicas, inaugurando três ruas na cidade. As mesmas fazem também uma homenagem, a título póstumo, a três figuras importantes da cidade da Guarda.
Foram assim inauguradas a Rua Daniel Vendeiro, a Rua Segura Fernandes e o Largo Norberto Gonçalves.
A Rua Daniel Vendeiro fica localizada entre a Avenida Francisco Sá Carneiro e a Rua da Malmedra. Daniel Vendeiro foi presidente da Junta de Freguesia de Fernão Joanes e destacou-se pela luta dos seus ideais, como explica a filha Susana Vendeiro: «O meu pai era um representante desses ideais todos, os ideais da liberdade, e foi desde sempre muito apegado a estas situações, agradecemos do fundo do coração toda esta homenagem, este reconhecimento que ele, apesar de tudo, vai estar contente, por ter cá os amigos, por ter cá a família, todas as pessoas que o acompanharam em vida, e que de certa forma estão a valorizar todo o contributo que ele deu pela aldeia de Fernão Joanes, mas também pela cidade da Guarda, pela nossa região».
Já o professor Segura Fernandes deu agora nome a uma rua, junto ao pavilhão de São Miguel. A filha, Ana Segura, diz que «é um momento que nos enche de orgulho, que nós já nem sequer estávamos à espera, é sempre bem-vindo e vem sempre em boa hora, e nunca é demais estes momentos de homenagem para recordarmos o nosso pai, por tudo aquilo que ele fez e por tudo aquilo que ele deu à nossa cidade, sobretudo aos jovens da cidade».
Também Norberto Gonçalves, professor e antigo presidente da Associação de Jogos Tradicionais da Guarda, deu nome ao largo onde passava maior parte do tempo, localizado entre a Rua Francisco de Passos e a Avenida dos Bombeiros Egitanienses. A esposa, Ana Gonçalves, refere que este é o sítio certo para a homenagem, pois «é o local que ele adorava, era aqui que concentrava todas aquelas atividades que lhe eram mais caras, os jogos tradicionais, também a escrita porque escrevia muito em função dos jogos tradicionais e para os jogos tradicionais, em função da cultura, e acho que como local não haveria melhor».

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Efigénia Marques

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