O Ministério Público (MP) da Covilhã deduziu acusação, em processo comum coletivo, contra oito arguidos no caso da praxe violenta praticada por alunos do curso de Ciências Biomédicas da Universidade da Beira Interior (UBI) em setembro de 2018.
Os acusados são suspeitos da prática de dois crimes de sequestro agravado, dois crimes de ofensa à integridade física qualificada e dois crimes de coação agravada. Os factos remontam à noite de 25 de setembro desse ano e ocorreram «no contexto de uma praxe académica», lê-se numa síntese da acusação, publicada no site da Procuradoria-Geral de Coimbra, a que O INTERIOR teve acesso. De acordo com a decisão instrutória, os arguidos convidaram dois caloiros do seu curso para «beber um copo». Os ofendidos anuíram e acabaram por ser levados, em carros separados e com a cabeça coberta com capas académicas, para a serra. Ali chegados, «os agora acusados retiraram-lhes os telemóveis e colocaram-nos junto de um penhasco, avisando-os de que se tentassem fugir seriam dali atirados, frisando que “ninguém queria um Meco II”».
Ainda segundo a acusação, de seguida, os ofendidos terão sido obrigados «a baixar as calças e as cuecas e a colocar-se com as mãos e joelhos no chão, por forma a expor as respetivas zonas genitais aos ali presentes e, finalmente, agrediram-nos com uma pá metálica com 60 centímetros de comprimento». A investigação foi dirigida pelo Ministério Público da 1ª secção de Castelo Branco e executada pelo Departamento de Investigação Criminal da Guarda da Polícia Judiciária. Na altura, a UBI apresentou queixa ao MP e abriu um processo de averiguações no âmbito da Comissão Disciplinar do Senado. O procedimento surgiu na sequência de uma participação feita por um caloiro.