Sociedade

Ministro apanhou comboio na Guarda para a Covilhã

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Escrito por Jornal O INTERIOR

Reabertura do troço da linha da Beira Baixa entre as duas cidades é «momento muito importante»
para a região e para o país, disse Pedro Nuno Santos na terça-feira

Não foi António Costa, como estava inicialmente previsto, mas Pedro Nuno Santos, ministro das Infraestruturas, que inaugurou o último troço da Linha da Beira Baixa, entre a Guarda e a Covilhã, esta terça-feira. A ligação estava fechada desde março de 2009 e desde domingo que tem comboios a circular.
O governante e uma vasta comitiva de autarcas, outros membros do Governo, responsáveis da CP e da Infraestruturas de Portugal fizeram a viagem no regional que partiu da estação da cidade mais alta pelas 11h59 rumo à Covilhã, onde decorreu a cerimónia oficial. Na Guarda, Pedro Nuno Santos classificou esta reabertura de «momento muito importante» para o país e para a região. «Já podemos fazer novamente a viagem de comboio entre Guarda, Covilhã e Lisboa e podemos fazer também Covilhã-Vilar Formoso ou Covilhã-Coimbra. É a justiça que o país está a fazer a esta região», declarou o ministro aos jornalistas, antes de iniciar a viagem. Para o titular da pasta das Infraestruturas, este é «mais um momento importante» da nova aposta nacional na ferrovia, uma vez que estão a decorrer as obras de modernização da Linha da Beira Alta e no Corredor Norte.
«Estamos a iniciar uma grande revolução na ferrovia em Portugal e isso é muito importante. Mas verdadeiramente marcantes são o investimento na ferrovia e o investimento no interior do país, por forma a promover a coesão territorial», declarou. Já na Covilhã, Pedro Nuno Santos assumiu que a reabertura da ligação entre o Pocinho e Barca d’Alva, na Linha do Douro, é «o próximo objetivo que temos que concretizar» porque o caminho-de-ferro pode ser «uma peça importante para o turismo» naquela região.
Com 46 quilómetros, o troço Guarda-Covilhã foi alvo de obras de requalificação e de eletrificação, num investimento de cerca de 77 milhões de euros. Todos os comboios vão parar em todas as estações e apeadeiros localizados entre as duas cidades, a saber Caria, Belmonte/Manteigas, Maçainhas, Benespera e Barracão/Sabugal. Com o regresso do serviço comercial nesta ligação, passa a existir uma «oferta integrada» dos serviços Intercidades e Regional das Linhas da Beira Baixa e Alta, informou a CP em comunicado enviado a O INTERIOR. «A partir de agora, passam a circular, diariamente, entre a Covilhã e a Guarda, oito comboios Intercidades (quatro por sentido) e mais quatro comboios Regionais (dois por sentido), que vão efetuar paragem em todas as localidades, situadas entre as duas cidades», refere a empresa. As viagens custarão 4,5 euros, a tarifa regional que será cobrada tanto no Intercidades como no comboio regional.

Chaves Monteiro elogia investimento

O presidente da Câmara da Guarda considera «bem-vindo» o investimento feito no último troço da linha da Beira Baixa.
Aos jornalistas, Carlos Chaves Monteiro disse tratar-se de um «momento histórico» para a cidade e para a região: «É um privilégio poder estar neste ato de inauguração, sendo certo que entendemos, também, que a rapidez com que a ligação devia ser feita seria um eixo estratégico deste projeto, o que me parece que não terá acontecido. Mas, de qualquer maneira, é um investimento bem-vindo para a região», declarou Carlos Chaves Monteiro. Por sua vez, o presidente da Comunidade Intermunicipal das Beiras e Serra da Estrela (CIMBSE), Luís Tadeu, sublinhou que esta reabertura é «um momento importante», nomeadamente para os habitantes nos concelhos que são diretamente servidos pela ferrovia (Guarda, Sabugal, Belmonte e Covilhã).
«Há uma nova via de circulação entre estes territórios, com mais segurança, embora sem a rapidez com que todos gostariam face à dimensão do investimento realizado», acrescentou o também autarca de Gouveia.
Também presente na estação da Guarda, o eurodeputado Álvaro Amaro, ex-presidente da Câmara da Guarda, sublinhou que esta ligação é «a grande aposta estratégica» da Guarda e da região. Mas alertou que o projeto «mais importante» para a cidade mais alta é a criação da plataforma ferroviária que resultará da concordância da Linha da Beira Alta e Linha da Beira Baixa e a sua ligação à Europa. «Isso dará origem a uma nova centralidade da Guarda e a um grande projeto de desenvolvimento de futuro. Fui sempre um defensor dessa ideia, pois o importante é falarmos da Guarda e da sua centralidade no contexto regional», afirmou Álvaro Amaro. O eurodeputado não quis comentar o facto político da cerimónia decorrer na Covilhã, mas não deixou de dizer que «a não inclusão da Guarda é, no mínimo, um exagero, eu jamais acetaria uma situação destas. Acho errado o que passou, mas estamos em pré-campanha eleitoral».

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