A ministra da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Elvira Fortunato, visitou, na semana passada, o Politécnico da Guarda pela primeira vez para participar na Assembleia Participativa sobre a Implementação da Agenda 2030 das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável, onde se falou de “Educação de Qualidade”.
Neste debate, moderado pela jornalista Fernanda Freitas, participaram também o secretário de Estado do Ensino Superior, Pedro Nuno Teixeira; o secretário de Estado da Presidência do Conselho de Ministros, André Moz Caldas; e o secretário de Estado da Educação, António Leite. Na Guarda, Elvira Fortunato afirmou que as instituições de ensino como o Instituto Politécnico da Guarda «têm uma importância muito grande para a região onde se inserem. Atraem pessoas, empresas e recursos altamente qualificados». O presidente do IPG corroborou a opinião da governante e afirmou que «somos uma instituição que vive por ter estudantes. Temos uma estreita ligação com o tecido empresarial e social da região e do país de forma a dar respostas concretas às necessidades reais do país – criando formações e novos cursos em áreas emergentes no mercado para garantir alta empregabilidade». Joaquim Brigas destacou também «o forte incremento da investigação» no IPG e deu o exemplo da Logística e do Enoturismo como áreas de formação implementadas «em articulação com empresas, associações e autarquias».
Aproveitando a presença da ministra, o presidente do Politécnico sublinhou a preocupação com a «educação de qualidade e inclusiva» e por uma «educação acessível para todos os que têm capacidade de prosseguir estudos no ensino superior». Contudo, a falta de alojamento é «um problema» na Guarda. «A habitação a preço acessível é fundamental para um maior crescimento do Instituto Politécnico», sublinhou. Por outro lado, durante a Assembleia Participativa, o responsável pediu ao Governo que sejam construídas «novas instalações» da Escola Superior de Saúde no campus, pois «há vários anos que há aulas a decorrer na Escola Superior de Tecnologia e Gestão porque a primeira não tem condições para acolher todos os alunos».
Redução das propinas é apenas «uma recomendação»
O ex-ministro de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Manuel Heitor, e a deputada socialista na Assembleia da República, Alexandra Leitão, vieram defender a redução gradual das propinas até ao seu desaparecimento, depois da OCDE já ter recomendado que fossem feitas alterações no financiamento das instituições de ensino com base no número de alunos e nas escolas. Os estudantes subscrevem a sugestão.
A redução gradual das propinas até ao desaparecimento é uma das 22 recomendações da OCDE, recordou Elvira Fortunato. Mas a ministra ressalvou: «Como o nome indica, são recomendações. Não significa que vamos segui-las a todas». De resto, a sucessora de Manuel Heitor garantiu que o Governo está a «rever o modelo» de financiamento do ensino superior. «Estamos a falar de uma propina de 697 euros por ano em Portugal, suportados pelo Orçamento de Estado. Neste momento é uma carta em cima da mesa», disse.
Face à pobreza e dificuldades que os alunos universitários têm sentido, Elvira Fortunato adiantou que o Governo já aumentou em «10 por cento o valor das bolsas para os estudantes bolseiros e aumentou cerca de 70 por cento a ação social. Alargámos a base para ter mais alunos bolseiros, sendo que neste momento há cerca de 75 mil estudantes a receber o apoio», apontou. Os alunos não bolseiros também são uma preocupação do Governo, tendo já sido publicada uma medida para os alunos não bolseiros deslocados.