As crianças do Centro Escolar de Gonçalo e os jovens da Aldeia SOS da Guarda estão a preparar um espetáculo que mistura música com escrita criativa sob a orientação de Luís Sequeira, produtor musical guardense. O projeto “Beat na Montanha” vai ser apresentado no Teatro Municipal da Guarda (TMG) no próximo dia 3 de junho (21h30).
Os jovens têm criado “beats” e letras de músicas com recurso a «instrumentos eletrónicos, sintetizadores, sequenciadores, para além da parte percursionista que existe no projeto», adianta o músico Luís Sequeira. O foco do produtor musical, «para além da inclusão social e da questão humana, é que possamos estimular e despertar uma veia artística em crianças que poderiam nunca ter contacto com este tipo de instrumentos». Também conhecido por B Riddim, o responsável sublinha que está a trabalhar com duas instituições diferentes: «No caso do Centro Escolar de Gonçalo, falamos de miúdos dos 6 aos 9 anos, enquanto na Aldeia SOS são jovens que têm entre 11 e 18 anos», refere, admitindo que a diferença de idades gera algumas dificuldades. «Há mais responsabilidade nas crianças mais velhas, enquanto nos mais novos o que se destaca é a irreverência», constata.
No entanto, Luís Sequeira afirma ser «fascinante» que em Gonçalo as crianças tenham começado a ter uma «motivação genuína para participar no projeto e têm-se saído muito bem». Na sua opinião, «é fácil chegar a um instrumento e pedir para tocar, mas difícil é entrar no “beat” e seguir o tempo da música». Já na Aldeia SOS «focamo-nos na escrita criativa». Os jovens estão a produzir “beats” de rap e hip-hop e a escrita criativa «acabou por ser o elo de ligação com os jovens mais velhos que gostam de rap e queriam rimar». No final, o produtor, em conjunto com os jovens, adapta as letras e as batidas à medida da «métrica e “flow” de cada um», explica.
A realizadora Fabiana Tavares decidiu juntar-se ao projeto “Beat na Montanha” para documentar o desenrolar dos trabalhos e a evolução dos jovens porque uma das coisas que mais a apaixona é «retratar e dar voz à inclusão, integração e criação em cidades como a Guarda, que tem um programa cultural muito bom», declara. A realizadora assume já ter sido «surpreendida pelos miúdos, por gostarem de mim e criarmos esta ligação». Aliás, nunca se sabe o que esperar das sessões: «Eles são imprevisíveis, mas isso é motivante e tem sido bastante inspirador», considera. Até quando as coisas parecem correr menos bem, porque os jovens «não estão concentrados ou estão fora de tom, ou do ritmo, já cheguei a ouvir novamente as gravações e sentir que até se saíram bem». Para Luís Sequeira e Fabiana Tavares, o “Beat na Montanha” está a ser uma «aventura» apesar de, ao mesmo tempo, ser uma «confusão».
Sofia Pereira