O Dia da Unidade do Comando Territorial da GNR da Guarda foi assinalado no sábado, em Fornos de Algodres. A cerimónia e parada militar contaram com a presença do comandante-geral daquela força policial, Rui Veloso, que salientou que cada vez mais, a sociedade precisa de instituições «robustas e prestigiáveis, que mereçam a confiança dos cidadãos e nelas se revejam», sendo que a GNR «é, sem dúvida, uma dessas instituições de referência».
O tenente-general, o primeiro oriundo dos quadros da Guarda Nacional Republicana, acrescentou que «os militares estão conscientes do exigente contexto social e económico em que vivemos, com tempos particularmente difíceis, em que grandes conquistas da civilização e da humanidade, que considerávamos adquiridas, começam a ser postas em causa, as guerras que estamos a viver assim o demonstram». Por sua vez, questionado por O INTERIOR se vivemos num distrito seguro, o comandante do Comando Territorial da Guarda, tenente-coronel Pedro Gonçalves, garantiu que «os dados assim o demonstram, mas ainda não podemos fazer o balanço do ano porque falta dezembro, um mês que, por norma, é sempre menos positivo, por exemplo, ao nível da sinistralidade rodoviária».
A criminalidade geral tem-se mantido «em números muito baixos», já a criminalidade violenta e grave, «aquela que mais nos preocupa, regista números residuais que praticamente não passam das dezenas de casos, o que quer dizer que a GNR da Guarda tem estado a fazer o seu trabalho, mantendo este território como um espaço seguro», realçou Pedro Gonçalves. O comandante também salientou as «novas ameaças, novos riscos e perigos, mas estamos atentos e a acompanhá-los. Preparamo-nos todos os dias para os enfrentar e para poder fazer mais e melhor com aquilo que temos».
Quanto a meios humanos e materiais, Pedro Gonçalves respondeu que «nunca são demais, mas temos de trabalhar com aqueles que temos e, neste momento, dão para cumprir bem a missão. Obviamente que, por vezes, temos de encontrar alguns modelos imaginativos e criativos que nos obrigam a “sair da caixa”, no sentido de potenciar esses meios que são finitos, mas de momento a Unidade tem os meios suficientes para continuar a manter o distrito da Guarda como um dos mais seguros a nível nacional». O comandante destacou ainda que «estamos num território do interior que exige intervenção diferenciada para alguns públicos, nomeadamente os mais vulneráveis, como os idosos, os jovens e as crianças».
O distrito da Guarda assumiu este ano o primeiro lugar dos casos de idosos a viverem sozinhos e/ou isolados sinalizados pela operação Censos Sénior, sendo uma situação que, «obviamente, não nos deixa felizes e só nos dá uma responsabilidade para fazer mais e melhor junto desta comunidade», afirmou. Pedro Gonçalves acrescentou que «é para eles que temos desenvolvido alguns modelos de policiamento diferentes, mais humanizados, mais personalizados, caso do programa “e-Guard”, que nasceu no Comando Territorial da Guarda». Trata-se de um programa de teleassistência a pessoas vulneráveis que «está a pouco a pouco a expandir-se por todo o território nacional, o que nos deixa obviamente muito orgulhosos», admitiu.
Relacionado com a temática do envelhecimento e isolamento, durante a tarde a GNR e o Instituto da Segurança Social assinaram um protocolo de cooperação para o apoio a idosos que se encontram sozinhos e/ou isolados e pessoas vulneráveis no distrito da Guarda. A sessão contou com a presença da ministra da Segurança Social, Ana Mendes Godinho. Recorde-se que a Guarda é o distrito com mais idosos a viverem sozinhos e/ou isolados, de acordo com o Censos Sénior de 2023 divulgado no início de novembro. Este ano, a GNR sinalizou 5.477 casos, mais 234 que na operação do ano passado, quando foram identificadas 5.243 pessoas nessas condições.
Durante a sessão comemorativa do Dia da Unidade da GNR da Guarda, o comandante-geral Rui Veloso entregou lembranças a um antigo militar natural do concelho de Pinhel. Modesto de Almeida cumpriu 101 anos e foi o convidado especial das comemorações. «Nunca pensei participar nesta festa, por isso muito obrigado e oxalá que cheguem à minha idade e que sejam todos felizes», declarou o homenageado com alguma emoção. Ao contrário do habitual, a cerimónia militar não teve a presença de qualquer membro do Governo, apesar de ter sido anunciada a vinda de Isabel Oneto, secretária de Estado da Administração Interna. As comemorações terminaram com um concerto da Orquestra de Câmara da GNR no antigo quartel dos bombeiros de Fornos de Algodres.
Carlos Gomes