A secretária de Estado do Turismo Rita Marques admitiu que a solução para o Hotel Turismo da Guarda «poderá não passar pela abertura de um novo concurso ou pela devolução do edifício à autarquia».
Segundo a governante, «a tutela está a trabalhar com o município para identificar outras soluções que possam criar postos de trabalho, entregando aquele ativo a um operador económico que saiba cuidar dele e que dinamize uma boa atividade turística». «Estamos muito perto de encontrar uma solução», garantiu Rita Marques na quinta-feira, à margem de uma reunião com autarcas e agentes económicos da Serra da Estrela, onde recordou que a reabertura do hotel, que está encerrado há mais de 12 anos, «já deveria ter ocorrido» e só não aconteceu porque os vários concursos para a concessão ficaram desertos. A sessão destinou-se a avaliar o impacto dos recentes incêndios florestais, a identificar os principais constrangimentos e a delinear futuras medidas de prevenção.
Rita Marques disse ser necessário «reparar os danos» causados pelos fogos e «criar condições para mais investimento» no território. «Desde logo, apoiar estas empresas, mas, ao mesmo tempo, criar uma agenda para o futuro, com condições para mais e melhor investimento, garantindo sempre a perpetuação da criação de valor», considerou numa declaração final aos jornalistas. Serão também precisas linhas de ação «para apoiar novos investimentos que possam estruturar novos produtos turísticos, mais sustentáveis e inovadores», acrescentou, lembrando que na resolução do Conselho de Ministros está definido o plano de resposta à situação e que a linha de apoio que deverá ser criada para o turismo na região da Serra da Estrela será de «apoio à tesouraria das empresas e também aos novos investimentos».
Os autarcas assumiram que a região «continua viva, apesar de ter sido muito fragilizada», e desafiaram portugueses e estrangeiros a conhecerem o território. «As pessoas estão traumatizadas e, com as imagens que viram nas televisões, acham que a serra está de negro mas há ainda muito território verde para apreciar, gastronomia para saborear e vinho para beber, felizmente», disse o presidente da Comunidade Intermunicipal das Beiras e Serra da Estrela, Luís Tadeu. Por sua vez, o presidente da Câmara da Guarda defendeu que a recuperação do Hotel Turismo possa ocorrer no âmbito do plano de revitalização do Parque Natural da Serra da Estrela (PNSE), tendo em conta que «todas as ações conducentes à revitalização do PNSE são importantes».
Levantamento de prejuízos na Serra da Estrela concluído
O relatório sobre o levantamento dos prejuízos do grande incêndio da Serra da Estrela ficou concluído no início desta semana e será conhecido depois de aprovado em Conselho de Ministros, que vai «validar esses danos e as respetivas medidas a colocar em prática para fazer face aos prejuízos provocados».
A informação foi transmitida pela ministra da Coesão Territorial, Ana Abrunhosa, que disse na Guarda que o levantamento dos prejuízos do incêndio «foi antecipado em relação ao prazo inicial». A governante participou na sexta-feira numa reunião com autarcas da Comunidade das Beiras e Serra da Estrela onde informou que o Governo «começou a trabalhar logo no território com os autarcas, abrangendo vários sectores de atividade». Os levantamentos dos prejuízos setoriais foram entregues à Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro (CCDRC), que fará um relatório final global. «O conjunto de medidas a criar terá de estar muito bem identificado porque o território já não precisa mais de palavras, precisa de ação», afirmou Ana Abrunhosa.
Carlos Gomes