A Câmara da Guarda está disposta a pagar o estudo económico para a Confama, fábrica de confeções de Famalicão da Serra que fechou no final de fevereiro deixando 70 pessoas no desemprego, recorrer a um Processo Especial de Revitalização (PER) e retomar a laboração. Este recurso tem como finalidade permitir às empresas em situação economicamente difícil ou em risco de insolvência iminente, mas que ainda sejam passíveis de serem recuperadas, negociar com os credores um acordo que leve à sua revitalização.
A intenção foi revelada pelo presidente da autarquia na segunda-feira, no final da reunião do executivo, onde Álvaro Amaro deu conta dos contactos mantidos com os donos da empresa. «Estamos preocupados e reunimos na passada sexta-feira com os empresários para saber se há ou não hipóteses para reabrir a fábrica. Disse-lhes que poderão contar com tudo o que estiver ao alcance da Câmara, que poderá apoiar também no transporte das trabalhadoras», adiantou aos jornalistas o edil, acrescentando que pediu aos vereadores do PS que «falem no Governo sobre este caso». Pela sua parte, Álvaro Amaro vai abordar a AICEP porque tem «rede de contactos» e também alguns empresários do Norte que conhece. «Não percebo de confeção e não tenho outros instrumentos que não seja a persuasão dos investidores para virem para a Guarda. Mas nem sempre a nossa persuasão obtém resultados», declarou o autarca. Já os proprietários da Confama também ficaram de contactar antigos clientes e outras empresas para garantir trabalho. «O problema desta fábrica é que só fazia casacos de homem, não tem marca própria e trabalhava à medida das encomendas», reconheceu Álvaro Amaro, que disse ter «expetativas muito baixas» quanto à reabertura da unidade.
O fecho da Confama marcou a reunião da passada segunda-feira, com os socialistas a considerarem que a Câmara «deve ir até ao fim para segurar» aqueles postos de trabalho. «O setor têxtil está a singrar noutros pontos do país, é pena que isso não esteja a acontecer na Guarda», declarou Eduardo Brito, enquanto Pedro Fonseca recorreu à imagem da banda do Titanic, que continuou a tocar enquanto o barco se afundava, para definir a atuação do município. «A maioria PSD deve deixar de priorizar as festas e os eventos para apoiar as empresas e a economia do concelho. Já fecharam duas empresas desde o início do ano, isso deve fazer soar os alarmes na Câmara da Guarda. Mas não, nesta matéria o município corre atrás do prejuízo», disse o vereador. De resto, a oposição anunciou que vai visitar a plataforma logística brevemente para «avaliar no terreno o que foi feito, o que foi aprovado e está a ser concretizado», revelou Eduardo Brito, para quem «é tempo de fazer um balanço exaustivo» da autarquia liderada pelo PSD.
Álvaro Amaro gostou de saber dessa intenção dos socialistas e disponibilizou-se a ser o seu «“cicerone”». «Desafio o PS a mostrar o que fez na PIE até 2013 para comparar com o que fizemos a partir de 2014, que é 54 lotes vendidos, 22 empresas instaladas, 50 milhões de euros de investimento e 567 postos de trabalho previstos e alguns deles já criados», reagiu o presidente da autarquia.
Exploração do café-concerto do TMG a concurso
A Câmara da Guarda vai lançar um concurso público para concessionar a privados a exploração do bar do café-concerto do TMG. A abertura do procedimento foi aprovada por maioria, com a abstenção dos dois vereadores do PS. A renda base mensal é de 600 euros, mais IVA, e o futuro concessionário vai gerir comercialmente o espaço durante dois anos, renováveis ou não. Já a Câmara continuará responsável pela programação cultural do café-concerto. «O município prescinde de um espaço de cultura, mas damos o benefício da dúvida à maioria PSD por seguir esta opção», justificou Eduardo Brito.