Sociedade

Bispo da Guarda denuncia «condições indignas» de estudantes dos PALOP

Escrito por Jornal O Interior

Na mensagem de Natal deste ano D. Manuel Felício pediu para que seja feito «o bem, sem olhar a quem»

O «combate à pobreza» foi um dos temas centrais do Bispo da Guarda na sua mensagem de Natal. Segundo D. Manuel Felício, esta é uma questão para a qual «ainda há muito que fazer».
Os pedidos de ajuda à Caritas «não têm diminuído» e há ainda muitas famílias que dependem do Banco Alimentar e «vivem dos mantimentos que ali vão buscar», disse o prelado. Uma situação que toca a algumas famílias guardenses, mas não só. Pedindo para que seja feito «o bem, sem olhar a quem», o bispo da Guarda recordou a situação dos estudantes dos Países de Língua Oficial Portuguesa (PALOP) que têm chegado à cidade mais alta para estudar no Instituto Politécnico local (IPG). Jovens aos quais tem de ser dado «um caminho de dignidade», apela D. Manuel, reforçando que também estes devem ter «a atenção que merecem e têm direito», pois «se não lhes damos a verdadeira a atenção o melhor é não mandá-los vir».
Sem entrar em detalhes, o bispo falou em «condições infra-humanas» e pediu uma «colaboração transversal de públicos e privados» guardenses, considerando que só assim será possível «cerrar fileiras» contra este problema. Na sua opinião, o IPG «tem mecanismos próprios que não podem responder às necessidades todas e os factos provam-no», denunciando «situações bastante graves de falta de acolhimento, habitação indigna – não digo que estão debaixo da ponte, mas quase». Na sua mensagem de Natal D. Manuel referiu ainda a situação de «abandono em que muita gente se encontra» na região, nalguns casos justificada pela emigração, uma realidade que diz ser «crescente». Também a «falta de inserção na vida social» que algumas pessoas enfrentam foi abordada, tendo o bispo da Guarda reforçado que «é essencial a relação interpessoal e comunitária, sobretudo em família».
Nesse sentido, apelou às relações «olhos nos olhos, tocar nas pessoas, estar próximos». Também os 19 refugiados acolhidos no Seminário do Fundão foram referidos por D. Manuel Felício como um exemplo de «dar cumprimento a este imperativo que vem da nossa consciência, porque sociedades xenófobas não vão a lado nenhum».

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